Publicado em: 07/02/2025 às 11:55hs
As importações globais de trigo devem registrar uma queda neste ano devido à desaceleração econômica nos maiores mercados consumidores, a valorização do dólar e o aumento da produção local de cereais. Esses fatores limitam a demanda e pressionam os preços do grão, apesar dos estoques mundiais estarem caminhando para os níveis mais baixos dos últimos nove anos.
Os principais importadores, como China, Indonésia e Egito, devem reduzir suas compras, o que pode colocar um teto nos preços, equilibrando as preocupações com a produção de trigo nos principais exportadores, como a região do Mar Negro, Índia e Estados Unidos, que enfrentam condições climáticas adversas. No entanto, a menor demanda chinesa prejudica os agricultores australianos, que, após uma colheita quase recorde, se veem cada vez mais dependentes da compra chinesa.
A China, maior importadora mundial de trigo, reduzirá suas aquisições pela metade nos primeiros seis meses de 2025, enquanto a Indonésia e o Egito também devem experimentar um crescimento mais lento nas importações, conforme apontam analistas, comerciantes e produtores.
A maior produção interna de trigo na China e a recuperação da safra de arroz na Indonésia contribuirão para uma diminuição nas compras internacionais. Já no Oriente Médio, o Iraque, que tradicionalmente figura entre os maiores importadores, evitará gastos excessivos com trigo devido a uma colheita abundante. Dennis Voznesenski, analista do Commonwealth Bank, destaca que o aumento da produção nacional nos países importadores é um fator estrutural que enfraquece a demanda por trigo no mercado global.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a produção de trigo da China deverá crescer 2,6% até junho de 2025, e as importações devem cair 37%, somando 8 milhões de toneladas, conforme dados do Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China. Voznesenski também salienta que o atual cenário geopolítico, marcado por conflitos e disputas comerciais, está incentivando os países a reduzir sua dependência das cadeias de suprimentos globais e aumentar a produção doméstica.
A redução nas importações ocorre em meio à diminuição dos estoques globais de trigo, que, segundo o USDA, devem atingir o menor nível em nove anos até o final de junho. Além disso, a desaceleração econômica nos principais mercados de trigo, como a China e a Indonésia, deve impactar negativamente o consumo de grãos. A economia da China, por exemplo, deverá crescer a um ritmo mais lento em 2025, enquanto o crescimento do PIB da Indonésia e do Egito será limitado.
Apesar da queda nos preços internacionais, que atingiram a menor taxa em quatro anos, os custos de importação permaneceram elevados ou estáveis, devido à valorização do dólar frente às moedas dos mercados emergentes. O yuan chinês foi enfraquecido pela disputa comercial com os Estados Unidos, enquanto a rupia indonésia e a libra egípcia estão próximas de suas mínimas históricas em relação à moeda americana.
Recentemente, a China atrasou a importação de até 600 mil toneladas de trigo, e os comerciantes esperam uma redução nas compras nos próximos meses. Darin Friedrichs, cofundador da Sitonia Consulting, sediada em Xangai, se mostrou pessimista quanto à demanda chinesa, observando que, após uma safra recorde com condições climáticas quase perfeitas, a China não tem muita necessidade de importar o grão.
Além disso, outros importadores asiáticos também estão reduzindo suas compras. A recuperação da produção de arroz na Indonésia, que deverá alcançar 32,8 milhões de toneladas este ano, também limita a demanda por trigo, com os processadores de alimentos voltando a utilizar farinha de arroz produzida localmente.
No Egito, as compras de trigo também devem diminuir. O principal comprador estatal de grãos do país, a Mostakbal Misr, já adquiriu o suficiente para abastecer o mercado até junho, com a expectativa de que as compras adicionais sejam limitadas. Em 2024, o Egito importou cerca de 14,7 milhões de toneladas de trigo, um volume inferior ao de anos anteriores. O país enfrenta sérios problemas econômicos, com baixo crescimento e a necessidade de auxílio de doadores árabes para financiar suas compras de trigo.
Por fim, o Iraque anunciou que suspenderia as importações de trigo para seu programa de subsídios, após uma colheita abundante, com um excedente de 1,5 milhão de toneladas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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