Publicado em: 04/10/2024 às 20:00hs
Os negócios com trigo no Brasil continuam a ser caracterizados por operações pontuais. Segundo Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, a colheita inicial na região das Missões, no Rio Grande do Sul, tem apresentado excelente qualidade. Bento ressalta que compradores internacionais estão oferecendo R$ 1.280 por tonelada, com preço posto no Rio Grande/RS (sobre rodas). No mercado FOB interior, esse valor se traduz em R$ 1.130 a R$ 1.150 por tonelada, dependendo da origem. No início da semana, a cotação indicada no porto era de R$ 1.250 por tonelada.
“O aumento no interesse internacional deve-se, em grande parte, às incertezas provocadas pela escalada da guerra no Oriente Médio. Entretanto, as negociações no mercado interno permanecem estagnadas. Em várias cooperativas, os preços estão acima da oferta dos moinhos no mercado de lotes”, afirma Bento. No sudoeste paranaense, por exemplo, foi registrado um negócio a R$ 1.350 por tonelada, enquanto o preço indicado pela cooperativa ao produtor era de R$ 1.367 por tonelada. “A expectativa é que os agentes continuem na defensiva, aguardando uma definição mais clara sobre as safras no Brasil e na Argentina”, analisou.
De acordo com o levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 29 de setembro, a colheita das lavouras da safra 2024 atingiu 30,9% da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil: Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, que juntos representam 99,9% do total. Na semana anterior, a colheita estava em 25,1%, e, no mesmo período do ano passado, havia alcançado 35%.
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou em seu relatório semanal que a colheita da safra 2023/24 de trigo no estado atingiu 62% da área estimada de 1,149 milhão de hectares, previsão que indica uma queda de 19% em relação aos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Conforme o Deral, 40% das lavouras estão em boas condições, 39% apresentam situação média e 21% estão em condições ruins. As lavouras estão nas fases de floração (7%), frutificação (35%) e maturação (58%). No dia 23 de setembro, 48% da colheita havia sido realizada, com 34% das lavouras em boas condições, 41% em situação média e 25% em condições ruins, nas fases de crescimento vegetativo (1%), floração (9%), frutificação (33%) e maturação (57%).
A safra 2023/24 de trigo do Paraná deve resultar em uma produção de 2,58 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 29% em relação às 3,645 milhões de toneladas colhidas na temporada anterior. A produtividade média está estimada em 2.281 quilos por hectare, abaixo dos 2.583 quilos por hectare registrados na safra 2023.
No Rio Grande do Sul, a cultura do trigo apresenta rápida evolução de fases, aproximando-se do final do ciclo: 15% das lavouras estão em processo de maturação; 46% em enchimento de grãos; 29% em floração; e 10% em desenvolvimento vegetativo. Os produtores das áreas de semeadura mais precoce estão finalizando o preparo de máquinas e equipamentos para o início da colheita.
Apesar das intensas precipitações no Extremo Sul e na Campanha, assim como a ocorrência pontual de granizo e ventos fortes em áreas do Centro e Noroeste do estado, as lavouras de trigo mantêm uma condição geral satisfatória. O desenvolvimento é considerado muito bom nas regiões Oeste, Noroeste, Norte e Nordeste, tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva. De forma geral, esse desempenho compensou os danos pontuais observados em outras áreas, e os níveis de produtividade esperados devem continuar dentro das expectativas iniciais, desde que as condições climáticas futuras favoreçam a continuidade do ciclo.
O manejo das lavouras mantém o cronograma de aplicação de fungicidas, prevenindo a incidência de doenças, principalmente nas espigas. No Planalto Médio, nota-se um aumento na infestação de azevém, indicando que o controle dessa planta invasora, resistente à maioria dos herbicidas, foi ineficiente ou ocorreu uma germinação tardia. Em áreas de acamamento, foi identificado um ataque de lagarta-rosca.
A redução abrupta na cotação do produto nos últimos dias gerou apreensão entre os triticultores, pois pode impactar significativamente a lucratividade da cultura e a capacidade dos produtores de cumprir suas obrigações financeiras relacionadas à safra do cereal. A área cultivada, segundo dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, com produtividade prevista de 3.100 kg/ha.
Na Argentina, a colheita de trigo iniciou-se de forma incipiente. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em seu relatório semanal, não forneceu percentual sobre o avanço dos trabalhos. As lavouras ainda apresentam sinais de déficit hídrico, o que pode comprometer os rendimentos.
As condições de cultivo se distribuem entre boas (36%), médias (31%) e ruins (33%). Na semana anterior, os percentuais eram de 36%, 32% e 32%, respectivamente. Em comparação ao ano passado, a situação atual mostra um aumento no percentual de lavouras em condições ruins. Atualmente, 54% das lavouras estão em déficit hídrico, em comparação a 53% na semana anterior. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 39%.
A área estimada para o cultivo é de 6,3 milhões de hectares, contra 5,9 milhões de hectares plantados no ano anterior.
Fonte: Portal do Agronegócio
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