Publicado em: 20/09/2024 às 19:20hs
O mercado de trigo no Brasil apresentou mais uma semana de lentidão nas negociações. De acordo com o analista Elcio Bento, da Safras & Mercado, na última quinta-feira, foram relatados negócios pontuais no Rio Grande do Sul envolvendo grãos da safra antiga a R$ 1.250 por tonelada na região das Missões. Para a nova safra, moinhos do Paraná estão pagando R$ 1.100 por tonelada no preço FOB gaúcho. Já no Paraná, a safra nova tem sido cotada a R$ 1.350 por tonelada no CIF para embarques em outubro, e a R$ 1.300 para novembro.
“Com o avanço da colheita nacional, os compradores seguem cautelosos. Embora a safra paranaense tenha sofrido uma quebra significativa, o estado ainda terá oferta superior à demanda nos próximos meses. Com a colheita do trigo no Rio Grande do Sul e na Argentina, que mantêm seu potencial produtivo, a sobreoferta deve se prolongar até o final de 2024”, explica Bento.
O analista também destaca a possibilidade de uma recuperação dos preços durante a entressafra, impulsionada por uma eventual escassez de oferta. Contudo, ele alerta que essa recuperação dependerá, além do abastecimento interno, da evolução do câmbio e dos preços internacionais, que também influenciam a formação dos preços domésticos.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que a colheita da safra 2024 atingiu 17,8% da área total estimada nos oito principais estados produtores do Brasil – Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul –, que respondem por 99,9% da produção nacional. Na semana anterior, o índice era de 14,6%. No mesmo período de 2023, a colheita já havia alcançado 22,8%.
Segundo o relatório semanal do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná, a colheita da safra 2023/24 de trigo no estado chegou a 34% da área estimada, que é de 1,155 milhão de hectares. O número é 18% inferior aos 1,415 milhão de hectares cultivados no ano anterior. O Deral indica que 32% das lavouras estão em boas condições, 38% em situação mediana e 30% em condições ruins. As fases de desenvolvimento incluem 3% em crescimento vegetativo, 10% em floração, 34% em frutificação e 53% em maturação.
No Rio Grande do Sul, as chuvas abrangentes da última semana foram essenciais para manter os níveis de umidade do solo, beneficiando as lavouras em estágios reprodutivos, com 40% em floração e 28% no enchimento dos grãos, fases que exigem maior demanda hídrica. As áreas semeadas mais cedo, que representam 1% das lavouras, já iniciaram o processo de maturação.
Conforme a Emater/RS, os manejos estão em andamento, com foco na prevenção de doenças. Nas lavouras em estágio vegetativo, o controle de manchas e oídio é prioritário, enquanto nas áreas reprodutivas, ferrugem e giberela são as principais ameaças. A área plantada no estado totaliza 1,312 milhão de hectares, com uma produtividade estimada em 3.100 kg por hectare.
Na Argentina, a falta de chuvas durante a última semana elevou o percentual de lavouras em déficit hídrico, situação agravada pelo aumento das temperaturas, que aceleram o crescimento do cereal e aumentam a demanda por umidade. As regiões norte e oeste da área agrícola são as mais afetadas, com perdas de superfície e surgimento de focos de pragas.
Atualmente, as condições das lavouras argentinas se dividem em 35% boas, 36% medianas e 29% ruins. Na semana anterior, os índices eram de 47%, 33% e 20%, respectivamente. No mesmo período de 2023, 24% das lavouras estavam em boas condições, 54% em situação mediana e 22% em condições ruins. Hoje, 51% das lavouras argentinas enfrentam déficit hídrico, em comparação aos 45% da semana anterior e aos 34% registrados no ano passado. A área plantada é estimada em 6,3 milhões de hectares, superior aos 5,9 milhões do ano passado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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