Publicado em: 27/09/2024 às 20:00hs
O mercado brasileiro de trigo registrou poucas negociações ao longo de setembro, com uma postura cautelosa por parte dos agentes. Segundo Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, houve um descompasso entre as ofertas dos compradores e as expectativas dos vendedores. Com estoques bem abastecidos, a indústria ofertou preços mais baixos, amparada pela pressão sazonal com a entrada da safra nacional. No entanto, os produtores se recusaram a aceitar as cotações mais baixas, acreditando que a quebra de safra no Paraná poderá elevar os preços futuramente.
O Brasil enfrenta uma sequência de quebras de safra no setor, pelo terceiro ano consecutivo, agravadas por eventos climáticos, como geadas e secas. O estado do Paraná, principal produtor nacional, registrou uma queda significativa na produção, levando o país a aumentar as importações de trigo, estimadas em 6,5 milhões de toneladas, para atender à demanda interna.
O câmbio e o clima continuam sendo fatores monitorados de perto pelos agentes do mercado, assim como a influência de outros players internacionais. O trigo russo, com preços mais competitivos, e a colheita na Argentina também impactam o setor brasileiro. Para Bento, intervenções governamentais podem ser necessárias para estabilizar os preços durante o período de entressafra.
De acordo com o levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 22 de setembro, 25,1% das áreas cultivadas de trigo já haviam sido colhidas nos oito principais estados produtores do Brasil, responsáveis por 99,9% da produção nacional (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul). Na semana anterior, o índice era de 17,9%, enquanto no mesmo período de 2023, o percentual já era de 29%.
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou que a colheita de trigo no estado, referente à safra 2023/24, atingiu 48% da área estimada em 1,155 milhão de hectares. Essa área é 18% inferior aos 1,415 milhão de hectares cultivados no ano anterior.
No momento, 25% das lavouras apresentam boas condições, 41% estão em situação mediana e 34% em estado ruim, distribuídas entre as fases de crescimento vegetativo (1%), floração (9%), frutificação (33%) e maturação (57%). Na semana anterior, a colheita alcançava 34% das lavouras, com 30% delas em boas condições, 38% em situação mediana e 32% em estado ruim.
No Rio Grande do Sul, a produção de trigo segue promissora em importantes regiões produtoras, segundo informações da Emater/RS. Áreas como Passo Fundo, Ijuí e Frederico Westphalen demonstram bom potencial produtivo. Na região central, em Júlio de Castilhos, a situação também é positiva, com expectativa de um clima favorável até o início da colheita, previsto para dentro de 15 dias.
As condições climáticas no estado têm sido amplamente favoráveis, e a sanidade das lavouras é considerada boa, com baixo índice de doenças, todas devidamente controladas pelos produtores locais.
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou que a produção de trigo na Argentina deverá alcançar 18,6 milhões de toneladas na safra 2024/25, um crescimento de 23,2% em relação ao ciclo anterior. A área plantada no país foi de 6,3 milhões de hectares, representando um aumento de 6,8% em comparação ao ano passado. O trigo tem grande importância econômica para o país, representando 8% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino.
Fonte: Portal do Agronegócio
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