As expectativas que estavam depositadas na safra de inverno para recuperar os prejuízos que os produtores tiveram na safra de verão acabam de ser desfeitas. As condições climáticas com geada e excesso de chuva causaram danos nas lavouras de trigo da região. Em alguns locais, as perdas são muito variadas. Tem situações de prejuízos totais, parciais, com perdas não somente na produtividade, mas também na qualidade. A Emater terá um levantamento indicando o percentual dos danos em 15 dias.

O trigo estava na fase de formação do grão e a geada do último dia 26 interrompeu a formação do grão, que vai ficar pequeno, leve e, possivelmente, será destinado para triguilho. “A estimativa de safra recorde se foi. Pelo padrão das lavouras essa era a expectativa, até mesmo porque estavam sendo conduzidas com alto nível tecnológico, superior ao ano passado. Mas depois do dia 26 a expectativa acabou”, comenta o agrônomo da Emater, Cláudio Dóro.

Segundo ele, hoje os agricultores estão torcendo para colher e conseguir pagar as dívidas, porque com relação ao lucro, já não existe mais. “Existe preço, mas não haverá produção suficiente. Esse bom momento no mercado o agricultor perdeu devido ao clima”, acrescenta.

A geada provocou a morte prematura das plantas. Agora, com comunicado de Proagro ou seguro agrícola, os peritos vão avaliar as áreas, indicando se é antieconômico e liberando a área para destruição para implantação da safra de verão ou, onde as perdas são parciais tem que esperar colher.

Doenças

Além da alta umidade depois do dia 26 de setembro, com chuva abundante e temperaturas em elevação, para a sanidade da cultura do trigo é condição desfavorável, pois cria um ambiente propício para moléstias fúngicas, principalmente a septória, giberella e a ferrugem. O ideal seriam temperaturas entre 10ºC e 15ºC e tempo seco, pois nesta fase, o cereal não necessita de muita umidade.

Nesta safra, a região de Passo Fundo ampliou em 2,3% a área destinada ao cultivo do trigo, comparado com 2011. São 168 mil hectares implantados com o cereal. Isso em virtude do bom resultado da safra passada e também como uma tentativa de recuperar parte dos prejuízos obtidos com a safra de verão. Porém, este segundo fator não poderá ser conseguido, pois a situação se agravou ainda mais. “Estamos com uma safra de trigo ruim e também o milho em processo de replantio”, diz Dóro.