Aveia, Trigo e Cevada

Análise de Perspectivas para o Mercado de Trigo: Entressafra e Cenário Internacional Impulsionam Valorização dos Preços

Relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA aponta influências internas e externas que mantêm alta nos preços do trigo, com foco nas incertezas geopolíticas e climáticas


Publicado em: 25/03/2025 às 11:40hs

Análise de Perspectivas para o Mercado de Trigo: Entressafra e Cenário Internacional Impulsionam Valorização dos Preços

A Consultoria Agro do Itaú BBA divulgou um relatório detalhado sobre o mercado de trigo, abordando as recentes flutuações nos preços e as perspectivas para o setor. O estudo traz uma análise aprofundada sobre os fatores que influenciam a valorização do cereal, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.

Valorização dos Preços: Entressafra e Mercado Externo

Em fevereiro, os preços do trigo no Brasil continuaram a trajetória de alta. A baixa disponibilidade do cereal durante a entressafra contribuiu para a valorização no mercado interno. No Paraná, o preço médio foi de R$ 1.449 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.340 por tonelada, representando altas de 2,9% e 4,4%, respectivamente, em comparação a janeiro.

Durante a primeira quinzena de março, os preços seguiram a tendência de alta, com o trigo sendo comercializado a R$ 1.516 por tonelada no Paraná e a R$ 1.370 por tonelada no Rio Grande do Sul. No entanto, as negociações foram pontuais, com produtores afastados das vendas, aguardando preços mais favoráveis, enquanto os moinhos estavam abastecidos devido às importações do cereal no início de 2024.

De acordo com o Cepea/Esalq, compradores enfrentaram dificuldades em encontrar trigo de qualidade superior e, como resultado, recorreram à importação. Apesar de uma queda em relação ao mês anterior, as importações em fevereiro superaram a média histórica.

Influências Externas no Mercado Internacional

No mercado internacional, o cenário também favoreceu a valorização do trigo. A oferta restrita de trigo na Rússia, maior exportador mundial, continuou a sustentar os preços globais. Em Chicago, a cotação média do primeiro vencimento registrou alta de 5,8% em fevereiro, em comparação ao mês anterior. Na Argentina, os preços FOB aumentaram 5,7% no mesmo período.

As preocupações com o frio intenso nas regiões produtoras do Hemisfério Norte, especialmente nos Estados Unidos e na região do Mar Negro, também impactaram o mercado. Em Chicago, o preço atingiu um pico de USD 604 por bushel em 18 de fevereiro, mas as expectativas de que os riscos de frio fossem menores aliviaram as pressões sobre os preços no final do mês.

Entretanto, as incertezas políticas, incluindo a guerra comercial e as questões geopolíticas envolvendo a Rússia e a Ucrânia, geraram volatilidade nas cotações. No final de fevereiro, o trigo atingiu a mínima mensal de USD 537 por bushel e continuou a cair até 4 de março, quando fechou a USD 518 por bushel. A cotação, no entanto, voltou a reagir com a seca nas regiões produtoras do Hemisfério Norte, subindo para USD 563 por bushel.

Incertezas Geopolíticas e Projeções para o Mercado

O mercado de trigo, tanto no Brasil quanto no exterior, ainda enfrenta desafios e incertezas. No cenário interno, a entressafra pode continuar a sustentar os preços, mas, no plano internacional, o mercado deve seguir sujeito a oscilações. Os fatores altistas incluem a desvalorização do dólar e os riscos climáticos nas regiões de produção do Hemisfério Norte, especialmente na Rússia e nos Estados Unidos.

Por outro lado, os fatores baixistas estão relacionados ao aumento das estimativas de produção do USDA, que elevou suas projeções de safra para 797 milhões de toneladas, com um aumento nos estoques finais, de 258 milhões para 260 milhões de toneladas. A produção crescente em países como Austrália, Argentina e Estados Unidos ajudou a compensar a queda nas estimativas de países como a União Europeia, Rússia e Ucrânia.

As questões geopolíticas também podem influenciar o mercado. A tarifa adicional de retaliação da China sobre o trigo dos Estados Unidos e o aumento da produção de trigo na China podem reduzir as exportações norte-americanas. No entanto, o adiamento da taxa de 25% para o México até abril trouxe alívio ao mercado, já que o país é o principal destino das exportações de trigo dos Estados Unidos. Além disso, a resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia pode ampliar a oferta de trigo devido à melhoria na logística no Mar Negro.

Projeções para o Brasil

No Brasil, a baixa disponibilidade de trigo na entressafra deve continuar a garantir a sustentação dos preços. O produto local se mantém acima da paridade de importação, o que favorece os produtores. A relação de troca com o milho também deve continuar a favorecer a aquisição de trigo para ração, especialmente em um cenário de preços elevados para o cereal em Chicago.

O mercado de trigo, tanto interno quanto externo, continua sujeito a uma série de variáveis que podem influenciar as tendências de preços nos próximos meses, tornando o cenário imprevisível, mas com indicações de que as incertezas podem manter o mercado volátil.

Fonte: Portal do Agronegócio

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