Aveia, Trigo e Cevada

Agricultor prevê venda total de trigo com crise de oferta

A crise de oferta pela qual passa o trigo - valorizado, portanto, no mercado global - gera um efeito positivo no Brasil: os produtores estão otimistas quanto à garantia de venda e preço da matéria-prima do pão


Publicado em: 15/08/2012 às 17:40hs

Agricultor prevê venda total de trigo com crise de oferta

Contudo, terão de esperar pelo final do ano para obter os rendimentos da safra. Pois antes do período de colheita, que se concentra em setembro, o cereal passará ao largo das negociações.

"É impossível prever a qualidade do trigo", explica o triticultor Ivo Arnt, de Tibaji (PR). "Pela falta de produto, a comercialização vai ser boa, mas não dá para antecipá-la", diz.

O especialista Carlos Liede, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), observa que a falta de mecanismos capazes de identificar a procedência do trigo durante o plantio é um problema que afeta a comercialização do cereal - excluído, no Brasil, do mercado futuro, que oferece liquidez.

"Se houvesse conhecimento da variedade plantada e da região em que se produz - tudo isso é possível de mapear -, a comercialização seria facilitada", analisa Liede. O pesquisador acrescenta que a análise, por ser pós-colheita, cabe aos moinhos.

Para garantir venda, Arnt estabelece contratos de intenção junto a essas agroindústrias. Garante a comercialização, mas não o preço, que só é decidido após análise, com o cereal já colhido.

"O trigo sempre foi um desestímulo", afirma o triticultor, que representa os colegas paranaenses na Câmara Setorial das Culturas de Inverno, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

"Mas, neste ano, com os preços internacionais e a posição dos moinhos, toda a oferta será vendida", pondera o representante.

Arnt ainda faz uma comparação: 50% da soja e 20% do milho previstos para 2013 já estão comercializados, enquanto 0% do trigo esperado para este ano se encontra no mercado futuro.

O gerente-comercial da empresa paranaense Semegrãos, Edgar Martins, diz que parte da soja e do milho plantados para o ano que vem já tem contratos garantidos. E o trigo deve perder 70% da área para que se expanda o milharal.

"Reduziu-se muito o volume e a qualidade do trigo nesta safra. Seria impossível antecipar a comercialização", diz Martins, que negocia contratos de venda por meio de corretoras financeiras.

Mercado global

A semana teve início com a notícia de que o clima seco deve prejudicar em 20% a 30% a produtividade dos grãos na regiões da Sibéria e dos Urais, na Rússia. "O mercado ainda não reagiu", afirma o analista Bruno Perottoni, da corretora Terra Investimentos.

Ontem, o trigo chegou ao fim do dia valendo US$ 8,58, com perda de 2%, na Bolsa de Chicago. A baixa, apesar de ser a terceira em uma semana, é considerada apenas um "ajuste" pelos especialistas - considerando que as cotações do cereal encontram-se em patamares inéditos.

Perottoni avalia que "se a notícia da Rússia se confirmar, o mercado deve reagir com nova alta de preços". O país é, historicamente, o terceiro maior exportador de trigo, e deve reduzir a safra a 45,5 milhões de toneladas em 2012. A colheita do ano passado havia rendido 56 milhões de toneladas.

No Brasil, o maior estado triticultor, o Paraná, também tende a amargar perdas de volume neste ano. Os produtores devem colher 1,6 milhão de toneladas, o menor resultado em trinta anos, segundo Arnt.

"Entre fevereiro e março, precisamos estar com todos os armazéns vazios para a soja e o milho."

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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