Aveia, Trigo e Cevada

Oferta de milho no mercado interno reduz safra de triticale

O triticale é uma espécie criada pelo homem a partir do cruzamento entre trigo e centeio


Publicado em: 22/10/2009 às 18:09hs

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Os grãos são utilizados principalmente para a alimentação animal e em menor quantidade na alimentação humana, com tendência de aumento do uso da farinha para fabricação de pães, e para a síntese de bioetanol, a partir da matéria seca da parte aérea das plantas, em alguns países como Alemanha, Austrália e Canadá.

É cultura que contribui efetivamente para manutenção do sistema agrícola, principalmente em sistema de semeadura direta na palha, proporcionando boa cobertura vegetal para a cultura sucessora mesmo em áreas com baixa fertilidade e/ou solos arenosos. De bom potencial produtivo, tolera déficit hídrico e é altamente tolerante a acidez nociva dos solos.

A área cultivada no Brasil chegou a 134.868 hectares (ha) em 2005, mas em 2008 apresentou a menor safra dos últimos oito anos, contabilizando 75.640 ha. Os principais estados produtores são Paraná (40 mil ha), São Paulo (25 mil ha), Rio Grande do Sul (7.800 ha) e Santa Catarina (2.500 ha).

Em 2008 a produtividade média de grãos foi de 2.441 kg/ha, com leve aumento em relação ao ano anterior de 2.355 kg/ha, abaixo da média mundial de 3.642 kg/ha. Deve-se, ao realizar a comparação de rendimento médio de grãos considerar o tipo de planta cultivada. No Brasil são semeadas cultivares de triticale de hábito primaveril, a exemplo de países como Austrália, Espanha e Portugal, com rendimentos semelhantes ao brasileiro, ao contrário de Países como Alemanha, França, Polônia e Suécia e outros que cultivam triticale de hábito invernal, de ciclo mais longo e exigentes em temperaturas baixas, com rendimento médio de grãos de 5.000 kg/ha.

Em 2009 era esperada redução de 4,7% em área de triticale relativa a 2008 e redução de produção de 3,3%, de 184.602 toneladas para 178.546 toneladas, com pequena elevação de produtividade de 1,5%, estimada de 2.478 kg/ha (IBGE, 2009). Entretanto, o excesso de chuvas nas regiões produtoras favoreceu o desenvolvimento de duas doenças que causam sérios danos nas espigas e na formação dos grãos, a brusone, na região mais quente, ao norte do Paraná e no estado de São Paulo e a giberela ao sul. Dessa maneira deve ser esperada uma queda substancial na produção.

Valor da produção de triticale

A expectativa da safra brasileira de triticale 2009 primeiramente estimada de 178.546 toneladas para julho, com preço médio de comercialização de R$ 15,73(saca de 60 kg no Paraná em setembro/09), a produção valeria 46,8milhões de reais, influenciada pela redução de área, e consequentemente da produção dessa cultura, e ao mercado externo do milho perdendo valor em relação à soja, com o dólar menos valorizado perante ao real, resultando em baixo ritmo de exportações de milho para os EUA, e mercado abaixo do esperado no Brasil, atingindo diretamente a comercialização de triticale para uso alternativo como matéria prima para rações.

A variação de preços do triticale mostra estreita relação com o milho, recebidos pelos produtores, em 2009, aproximadamente 8,7% superior para o triticale. Entre março e maio de 2008 os valores recebidos pelos produtores foram significativos, sendo que em setembro de 2008 um saco de triticale de 60 kg era cotado em 29,8% superior, comparado ao mesmo volume de milho em grãos.

O principal problema do triticale é a comercialização dos grãos. Quando os moinhos sinalizam a compra de triticale, ocorrem incrementos em área de cultivo e aumento no preço de comercialização. Porém, a exemplo dessa safra de 2009, no Estado de São Paulo, em vista da sinalização dos moinhos em não comprar triticale reduziu-se a área de semeadura, refletindo, inclusive, na venda de sementes, fazendo com que boa parte esteja ainda nos armazéns.

A queda dos preços do milho no mercado internacional, aliada a baixa valorização cambial do dólar em relação ao real, reduz as exportações e aumenta a oferta interna desse produto, afetando a comercialização de triticale para uso em ração animal.

Alfredo do Nascimento Junior
Pesquisador Embrapa Trigo
alfredo@cnpt.embrapa.br.

Fonte: Embrapa Trigo

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