Publicado em: 01/07/2009 às 10:35hs
As baixas temperaturas que marcaram o outono gaúcho representam um sinal de alerta aos triticultores. Sabidamente tolerante e beneficiado por baixas temperaturas no período da emergência ao espigamento, o trigo pode sofrer prejuízos quando submetido a temperaturas baixas, com formação de geadas, quando suas estruturas reprodutivas estão expostas.
O período de espigamento e antese (liberação do pólen) é o mais vulnerável aos riscos impostos por geadas, ocasionando, com certeza, prejuízos para a cultura.
No momento, a cultura está em pleno período de semeadura no Rio Grande do Sul, sendo importante que o produtor fique atento na data de semeadura para reduzir os riscos de perda por geadas em momentos vulneráveis da cultura. O período de semeadura é estabelecido para cada município por meio do Zoneamento Agrícola (informações para o Rio Grande do Sul podem ser obtidas em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=15122) a fim de permitir que o produtor escolha o melhor momento dentro de um planejamento para sua lavoura. Fato que merece destaque especial é a disponibilidade e aumento de uso de cultivares bastante precoces, seguindo uma tendência evidenciada também em outras culturas (soja, por exemplo). Hoje, cultivares com ciclo total de 125 dias e que levam 65 a 70 dias para espigar estão sendo cultivadas no Estado, caso do trigo BRS Guamirim. Para que os benefícios deste tipo de material sejam bem explorados pelo produtor é importante um ajuste na época de semeadura para diminuir os riscos com perdas por geada. Num exemplo para Passo Fundo, RS, onde a época de semeadura para cultivares de ciclo precoce e médio vai de 1º de junho a 20 de julho, uma cultivar muito precoce que for semeada em 5 de junho vai ter seu espigamento provavelmente ocorrendo ainda no mês de agosto, com elevado risco de ocorrência de geadas na região e portanto com risco para a cultura. Indica-se, portanto que a semeadura deste tipo de material seja feita mais tarde dentro da época recomendada, ou seja, no final de junho ou começo de julho.
A preocupação com danos por geada em trigo também é reforçada pelas temperaturas baixas que já ocorreram durante o outono e as perspectivas de um inverno cujo padrão climático envolve ocorrência de geadas todos os anos. Para quem não vivenciou os danos que as temperaturas baixas podem causar na cultura de trigo, vale lembrar a safra de 2006 onde um inverno de regime térmico irregular (com oscilação de temperaturas altas e baixas) levou a uma aceleração no ciclo do trigo, causando espigamento precoce, que, associado a geadas no mês de setembro, promoveram perdas elevadas nas lavouras gaúchas de trigo (Figuras 1 e 2). Como formas de minimizar os riscos em relação à geada, o produtor deve observar a época de semeadura indicada, o escalonamento da semeadura, a exposição solar e evitar semeaduras em baixadas.
João Leonardo F. Pires e Eduardo Caierão - Pesquisadores da Embrapa Trigo
Fonte: Embrapa Trigo
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