Arroz

Tocantins: Expectativa de 80% de Sucesso no Plantio de Arroz Irrigado

Importância do Cultivo Tropical para a Segurança Alimentar do Brasil


Publicado em: 16/07/2024 às 11:40hs

Tocantins: Expectativa de 80% de Sucesso no Plantio de Arroz Irrigado

Uma recente atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) indica que, entre 1º de outubro e 20 de novembro, a chance de sucesso para o plantio de arroz irrigado no Tocantins é de 80%, considerando as condições climáticas. O estado, que ocupa a terceira posição na produção nacional de arroz, é um importante polo agrícola na Região Norte do Brasil. O Zarc se revela uma ferramenta essencial para os agricultores tocantinenses, permitindo uma gestão de riscos mais eficaz e promovendo a expansão da área cultivada, tanto em várzeas quanto em áreas irrigadas.

Atualmente, aproximadamente 20% do arroz produzido no Brasil provém de ambientes tropicais, com o Tocantins contribuindo com cerca de 6% desse total. O restante da produção, cerca de 80%, é cultivado em regiões subtropicais, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A produção em ambientes tropicais é crucial, pois facilita a logística de distribuição para os estados do Norte e Nordeste e reduz os riscos de oferta devido a fenômenos climáticos extremos nas áreas subtropicais.

Os fatores climáticos são determinantes para a produtividade agrícola e, no caso do arroz, as condições de luminosidade e temperaturas elevadas são os principais desafios enfrentados na região sudoeste do Tocantins. O Zarc orienta sobre a época ideal de semeadura, uma prática de manejo fundamental para minimizar os riscos climáticos, permitindo que as fases críticas da planta não coincidam com períodos de eventos climáticos adversos.

Como Funciona o Zoneamento Agrícola

O zoneamento realizado pelo Zarc é um processo meticuloso e complexo. Segundo Balbino Evangelista, geógrafo e analista de pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura, a elaboração das indicações exige equipamentos sofisticados e técnicas avançadas de análise de dados. Para isso, são considerados diversos fatores, como os sistemas de produção de arroz, as cultivares adaptadas, as necessidades hídricas e as características dos solos.

O modelo ORYZAv3, utilizado nas simulações de crescimento e produtividade da cultura, se destacou pela precisão em suas previsões e foi recentemente adotado nos estudos do Zarc. É importante ressaltar que, durante a calibração do modelo, não se consideram deficiências hídricas ou de nutrientes, nem estresses bióticos, assumindo que os produtores seguem as práticas recomendadas, como o controle de pragas e a oferta adequada de água e nutrientes.

A pesquisa considerou uma base climática de 36 anos, abrangendo cinco municípios representativos do Tocantins: Dueré, Cristalândia, Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia e Pium, que juntos representam 96% da produção de arroz do estado. Foram simuladas 13 datas de semeadura, com três níveis de risco de quebra de rendimento: 20%, 30% e 40%, correspondendo a probabilidades de sucesso de 80%, 70% e 60%, respectivamente.

Os resultados apontam que o período ideal para a semeadura é entre 1º de outubro e 20 de novembro, especialmente na Bacia Hidrográfica do Rio Formoso. Balbino alerta que atrasos na semeadura podem levar à redução da produtividade devido à diminuição da radiação solar e ao aumento das temperaturas durante o enchimento dos grãos.

Benefícios para Produtores e Cadeia Produtiva

Os dados obtidos por meio do Zarc trazem vantagens significativas para os agricultores e toda a cadeia produtiva do arroz, possibilitando uma redução dos riscos e um aumento na produtividade das lavouras. O estudo indica "o que", "onde" e "quando" plantar com maiores chances de sucesso, permitindo que os agricultores planejem seus investimentos de forma mais segura e economicamente viável.

Balbino destaca ainda que as informações geradas pelo zoneamento apoiam o governo na formulação de políticas de liberação de crédito rural, abrangendo seguros público e privado. Os estudos do Zarc permitem uma melhor alocação dos recursos destinados aos seguros, beneficiando um maior número de produtores e, consequentemente, aumentando a oferta de arroz para a população e para o mercado.

Produção de Arroz no Tocantins

O Tocantins, terceiro maior produtor de arroz do Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, encerrou a colheita da safra 2023/2024 com uma estimativa de 619 mil toneladas, representando um crescimento de aproximadamente 19% em relação à safra anterior, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa produção é oriunda, em grande parte, de sistemas irrigados que cobrem cerca de 100 mil hectares, o que corresponde a cerca de 95% da área plantada com arroz no estado.

Os principais municípios produtores incluem Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão, e a produção atende tanto o mercado interno quanto os estados vizinhos das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Estima-se que cerca de 90% da área cultivada no Tocantins utilize sementes desenvolvidas pela Embrapa, com oito cultivares desempenhando um papel fundamental na orizicultura local.

Nos últimos cinco anos, o trabalho de melhoramento genético do arroz, promovido pela Embrapa, vem sendo cada vez mais relevante, refletindo os investimentos em projetos de irrigação e na adaptação das cultivares às condições tropicais.

Avanços em Terras Altas e Parcerias Institucionais

Além dos progressos na irrigação, a orizicultura no Tocantins também tem avançado no sistema de produção de terras altas. A introdução de cultivares resistentes a herbicidas possibilitou o cultivo consorciado com forrageiras, modernizando o sistema Barreirão, que havia sido amplamente utilizado nas décadas passadas.

Esse desenvolvimento conta com a colaboração de várias instituições, incluindo o Ministério da Agricultura, Conab, universidades e institutos de pesquisa, além de parcerias com produtores e empresas do setor de sementes, que trabalham juntos para impulsionar a produção de arroz no estado e garantir a segurança alimentar da população.

Fonte: Portal do Agronegócio

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