Arroz

Semana de novidades e preços firmes para o arroz

Depois de alcançar valorização de 6% em abril, preços se mantêm firmes em maio


Publicado em: 14/05/2012 às 14:20hs

Semana de novidades e preços firmes para o arroz

A semana foi de novidades sobre mecanismos de comercialização, a Conab divulgou safra e alterou completamente seus quadros de oferta e demanda e, também, foram confirmados ótimos resultados na exportação nacional

Os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul se mantêm firmes para ingressarem na segunda quinzena de maio, apesar de um pequeno aumento na oferta do cereal no mercado livre registrado na semana que passou. Não só por parte do arrozeiro, mas também pelo uso do arroz “a depósito” por parte das indústrias, houve aquecimento das vendas. As cotações entre R$ 27,00 e R$ 28,00 também ajudam, já que alguns produtores consideram que este valor já supera o custo de produção de suas lavouras e permite fazer frente aos primeiros compromissos.

O indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&F-Bovespa fechou na última sexta-feira em R$ 28,08, com alta de 1,34% em maio, e correspondendo a US$ 14,39, pela cotação do dia. Este preço vale para a saca de 50 quilos do cereal em casca (58x10), colocado na indústria. As variedades nobres alcançam comercialização por preços referenciais de R$ 30,00 a R$ 31,00 no Litoral Norte (64x6), em até R$ 28,00 em São Borja e Alegrete (60x8). No restante do RS, a média de preços fica acima de R$ 27,00. Em Santa Catarina os preços referenciais são menores nas principais regiões arrozeiras, entre R$ 26,50 e R$ 27,00. No Mato Grosso, entre R$ 26,00 e R$ 27,50.

As regras dos contratos de opção de venda pública, lançados pelo governo federal esta semana, serão determinantes para o cenário futuro de preços do arroz no Brasil, pois servem como referencial de preços em boa parte do ano. Além disso, os números divulgados pela Conab esta semana podem ter uma influência negativa, dependendo de como o mercado interpretar o surgimento de quase um milhão de toneladas em estoques no Brasil em um passe de mágica.

OPINIÕES

Há, entre os analistas, uma divisão de opiniões. Alguns acreditam que ainda há espaço para que os preços se mantenham firmes, principalmente em função do bom resultado das exportações e a baixa oferta do cereal. Outros acreditam que a pressão pela alta de preços pode arrefecer nas próximas semanas por conta do atraso na liberação de mecanismos do governo, importações e aumento da oferta interna, além do uso do arroz em depósito pelas indústrias, bem como o “milagre da multiplicação dos estoques” promovido pela Conab.

SAFRA


Na última quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o 8º Levantamento da Safra de Grãos 2011/12 (maio/2012), aumentando em pouco mais de 130 mil toneladas a expectativa, em razão da melhor produtividade obtida no Sul do País. O ajuste pode ser considerado adequado, ou dentro da normalidade de uma safra. Mas, para este levantamento, ao que tudo indica, ou a Conab consultou ao “oráculo” ou fez um grandioso estudo sobre o consumo nacional de arroz, as safras passadas e os estoques, que sofreram profundas e graves modificações, que poderão ter repercussão no mercado interno.

O “milagre da multiplicação” fez os estoques do início de 2012 aumentarem em quase um milhão de toneladas e a previsão para o final do ano comercial ser perto de 800 mil toneladas maior. Muito embora a companhia tenha realizado uma consulta aos estoques privados (de resultado apenas parcial), a forma com que os números foram alterados (incluindo as quatro últimas safras e o consumo) pressupõe ou que faltou seriedade na divulgação dos dados passados, ou que esta faltando agora. E o entendimento, pelo órgão, que o mercado de arroz do Brasil envolve interesses tamanhos, que exige uma explicação técnica e fundamentada para tamanhas disparidades no anúncio realizado. Afinal de contas, a Conab estava errada nos últimos cinco anos ou o está agora?

A dimensão das informações fornecidas no atual contexto, afeta a credibilidade dos levantamentos do órgão oficial do governo federal, que volta ao patamar de 10, 12 anos atrás, quando o mercado os considerava irrelevantes e descontextualizados da realidade. Afinal, de onde a Conab tirou estes números? Qual foi a pesquisa de consumo tão grandiosa que os indicou? E de estoques? Como as safras passadas enxugaram e como foi possível recontá-las? Como as lavouras e a produção surgem e desaparecem nos quadros da Conab? O certo é que a companhia deve muitas explicações ao setor arrozeiro. E talvez ao próprio ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que certamente será cobrado pela cadeia produtiva.

Verdadeiros ou não (façam suas apostas), eis os números divulgados pela companhia estatal em maio:

A safra total deverá alcançar 11,79 milhões de toneladas de arroz em casca, com queda de 13,3% sobre os 13,61 milhões de toneladas colhidos no ciclo 2010/11 (estes, mantidos). A produtividade cairá apenas 1,1% para 4.776 quilos por hectare, em uma área cultivada de 2,47 milhões de hectares, que é 12,4% menor que os 2,82 milhões cultivados na temporada anterior. Neste quadro, quase nenhuma novidade. Mas, no balanço de oferta e demanda, quanta diferença!

Há 30 dias a Conab informava que o estoque final do ano comercial 2011/12 (em 29 de fevereiro de 2012) era de 1,53 milhão de toneladas, e passou para 2,49 milhões de toneladas. E a previsão para o estoque final no ano comercial 2012/13, em 28 de fevereiro de 2013, pulou de 1,50 milhão de toneladas para 2,29 milhões. Sem contar o aumento de milhares de toneladas nos estoques finais dos anos anteriores. O consumo caiu de 12,52 milhões de toneladas no ano comercial 2009/10 para 12,25 em 2010/11, para 12,01 milhões de toneladas no ano comercial 2011/12 e agora está caindo para 12 milhões, apesar do aumento da população.

Depois dos dois primeiros meses de boas exportações, a Conab também ajustou o volume de embarques para este ano comercial em seu quadro de oferta e demanda, para 800 mil toneladas, empatado com as importações. Ou seja, os estoques inflaram, as safras diminuíram, as exportações e importações (como são dados oficiais de outro ministério) se mantiveram e o consumo está em declínio, segundo o “oráculo” da Conab. Acredite, quem quiser!

MECANISMOS

Na segunda-feira passada o MAPA e o Ministério da Fazenda publicaram no Diário Oficial da União uma portaria interministerial autorizando os leilões de contrato de Opção de Venda pública (COV) para arroz longo fino, em casca, dos tipos 1 e 2, da safra 2011/12, para Rio Grande do Sul, Santa Catariana e Paraná. A operacionalização dos leilões terá R$ 400 milhões federais. A notícia é boa, mas exigirá ajustes. Como ficou mais de 60 dias tramitando no Ministério da Fazenda, a portaria foi publicada com valores defasados, que indicam preço de R$ 27,50 para a saca de 50 quilos, em casca (58x10) em 31 de dezembro de 2012.

Como este mecanismo baliza o mercado, e atualmente os preços de comercialização são até superiores a este patamar, a cadeia produtiva pediu a atualização dos valores em reunião no MAPA, na última terça-feira, antes da reunião ordinária da Câmara Setorial Nacional do Arroz. Foi definido que novos valores serão divulgados oficialmente, elevando o preço de referência. O setor espera que fiquem entre R$ 31,00 e R$ 32,00, mais adequados ao momento do mercado. Outras R$ 337 milhões são esperados em PEP, Pepro e AGFs, pela cadeia produtiva dentro da Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) ao produtor.

EXPORTAÇÕES


Uma ótima notícia foi divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) na última terça-feira: o Brasil se mantém firme como fornecedor de arroz ao mercado internacional em 2012. As exportações do primeiro bimestre do ano comercial 2012/13, referentes a março e abril, somam 342,7 mil toneladas. Depois de exportar 184,6 mil toneladas em março, o Brasil exportou mais 156,1 mil toneladas de arroz (base casca) em abril, apesar da ausência de mecanismos de apoio à comercialização. Além da competitividade do arroz nacional, por conta do câmbio, do momento de estabilidade do mercado internacional e da qualidade que fidelizou clientes no nicho de quebrados de arroz, há também, neste volume, doações humanitárias. A Conab projeta que o Brasil exportará 800 mil toneladas neste ano comercial. Mas, o setor espera volume acima de 1 milhão de toneladas, principalmente se houver apoio governamental. Para maio, a expectativa é de uma ligeira redução nos volumes, em torno de 20%.

A outra parte desta boa notícia é a de que as importações brasileiras de arroz caíram em abril, para 72 mil toneladas. Em março chegaram próximas de 120 mil. No total, 191,2 mil toneladas já foram importadas pelo Brasil, com média acima da expectativa de importação de 800 mil toneladas, no ano comercial, divulgada pela Conab. Vale lembrar que no ano comercial 2011/12, o Brasil exportou 2,89 milhões de toneladas de arroz, em base casca, e importou 821 mil.

MERCADO INTERNACIONAL

Segundo o Boletim Internacional de Preços do Arroz (InterArroz) editado mensalmente pelo analista Patrício Méndez del Villar, do Cirad, da França, emm abril, os preços mundiais se mantiveram firmes, mas o mercado ainda registra certa volatilidade e não chega a fornecer uma tendência clara para os próximos meses. As perspectivas na Ásia, todavia, indicam condições climáticas normais em 2012, permitindo assim melhorar novamente a produção arrozeira na maioria dos países produtores. Portanto, a oferta de exportação deve manter-se abundante, ainda que a demanda de importação caia em relação ao nível recorde de 2011.

Nos demais países do mundo, o analista prevê que a oferta de exportação deve ser significativa também, apesar das previsões de produção em queda, sobretudo nos Estados Unidos e nos países do Mercosul. “Isto contribuirá, junto com os exportadores asiáticos, a cobrir amplamente as necessidades globais”, afirma.

Em abril, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 2,3 pontos para 243,0 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 240,7 pontos em março. No início de maio, o índice IPO marcava em torno de 246 pontos.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 56,00 para a saca de arroz beneficiado de 60 quilos, com queda de 50 centavos nos últimos 10 dias. Em compensação, a saca do arroz em casca subiu R$ 0,50 para a média de R$ 28,00 no Rio Grande do Sul. Entre os derivados, alta no canjicão, de R$ 1,80 por saca de 60 quilos, passando para o preço médio de R$ 34,80. Estabilidade para a quirera, que fixou R$ 28,00/60kg, e o farelo de arroz, em R$ 295,00 a tonelada FOB/RS.

Fonte: Planeta Arroz

◄ Leia outras notícias