Publicado em: 15/03/2013 às 18:00hs
Os preços referenciais ao produtor de arroz no Rio Grande do Sul caíram com força nos últimos 10 dias, na medida em que a colheita já supera o primeiro quarto de área colhida e prevendo superar os 65% até o final de março. A expectativa natural de alta da oferta do arroz colhido, já que boa parte dos produtores não têm armazéns suficientes para guardar o grão, e entrega de arroz a depósito nas cooperativas e indústrias, ajudam a pressionar os preços.
Ao mesmo tempo, a semana apresentou dois indicadores negativos. O primeiro é o de que há seis meses o Brasil vem exportando volume de arroz menor do que importa. O segundo é ainda mais grave: há sérios problemas com a logística no Porto de Rio Grande para a exportação de arroz, uma vez que os espaços estão sendo limpos para receber a ótima safra de soja – e também milho - que começa a ser colhida no Rio Grande do Sul. Nesta disputa o arroz perde feio.
O Indicador de Preços do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa (Rio Grande do Sul, 58% de grãos inteiros) vem mantendo uma posição mais cautelosa e cotações significativamente acima do que apresenta o mercado livre. Nesta quinta-feira, 14 de março, indicou valor referencial de R$ 31,73 para a saca de 50kg de arroz em casca (58x10) entregue na indústria, com preços à vista), mas os produtores já não alcançam este patamar há duas semanas.
A média, mesmo nos polos industriais como Camaquã, Pelotas, Uruguaiana e Itaqui, não passa de R$ 31,25. Nas demais praças, exceto o Litoral Norte e São Borja, onde há uma cotação diferenciada para as variedades nobres, a média de preços (livre ao produtor) varia entre R$ 28,00 e R$ 29,00, com forte pressão baixista. A indústria se recolheu deixando de comprar, ciente de que o arroz a depósito vai encher boa parte de seus armazéns. O setor já trabalha com uma expectativa de “piso” na faixa de R$ 27,00 a R$ 28,00 no pico de colheita. A comercialização em torno de R$ 30,00 – referência atual de preços – ainda fica em torno de 20% acima da última safra.
Com base na sua fórmula de cálculo, o indicador dos preços de arroz do Cepea/Esalq indica uma desvalorização de 3,08% no grão nos primeiros 14 dias de março. No mercado livre, a perda é significativamente maior, em torno de 5%. Ainda segundo o indicador oficial contratado pelos principais órgãos setoriais do Rio Grande do Sul, em dólar o arroz brasileiro chegou à menor cotação do ano, US$ 16,05, conforme a referência cambial desta quinta-feira. Esta baixa mais significativa tem um fator positivo: há maior competitividade para o produto interno nas vendas externas, mas sem armazéns para estocar o arroz no porto, não há exportações significativas e os analistas já consideram que este será um ano em que devem prevalecer os embarques de quebrados de arroz.
SAFRA
As safras gaúcha e catarinense seguem avançando. Em Santa Catarina estima-se que 50% da lavoura está colhida, enquanto no Rio Grande do Sul, a Emater/RS indica 21% e relativo atraso em relação à temporada passada, quando na mesma época 26% das lavouras estavam colhidas. Os produtores reclamam dos danos causados tanto pela doença brusone quanto pelo frio em momentos críticos da cultura, como a floração.
O frio persiste e dá às lavouras uma coloração alaranjada, além de gerar leve atraso no processo de maturação. A grande oscilação entre as temperaturas diurnas e noturnas no Rio Grande do Sul também está provocando significativas perdas pela “trinca do grão”, ou seja, os grãos quebram ainda no cacho, o que pode comprometer a qualidade geral da safra. Na última semana o Banco do Brasil viu aumentar a demanda por Empréstimos do Governo Federal (EGFs) e pré-comercialização.
SETORIAL
Nesta semana, a Federarroz divulgou duas notas preocupantes. Em primeiro lugar, uma Carta Aberta em Apoio ao Ministro Mendes Ribeiro Filho, da Agricultura, cuja sustentação partidária parece enfraquecer no governo federal. Comenta-se, em Brasília – DF, que o ministro pode ser substituído em uma reforma ministerial a ser promovida pela presidente Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição. Ao mesmo tempo, o ministro encontra-se em tratamento de saúde que vem exigindo um grande esforço para manter-se à frente do MAPA. Mas, seu trabalho é reconhecido como fundamental para o setor arrozeiro. A Federarroz encaminhou carta à presidente da República solicitando a permanência do ministro e consolidando seu apoio à Mendes Ribeiro Filho.
Outro fator preocupante, com impacto direto no volume de comercialização no pós-safra, foi o anúncio de que os bancos privados, entre eles o Banrisul e o Sicredi, não estão aceitando a renegociação das dívidas dos arrozeiros, conforme a proposta apresentada pelo governo federal no ano passado. Apenas o Banco do Brasil está realizando as renegociações. O tema foi alvo de denúncia da Federarroz ao MAPA na última segunda-feira. Estima-se que entre 35% e 40% dos produtores endividados sejam clientes dos nove bancos privados que constam na relação da Federarroz, entre eles, alguns bancos de fábrica.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, manteve esta semana os indicativos de preços médios, o que deve exigir correção – para baixo – nos próximos dias: R$ 32,00 para a saca de arroz de 50 quilos (58x10), em casca, no Rio Grande do Sul, e, para o grão beneficiado, em sacas de 60 quilos, a referência é de R$ 67,00 (FOB/RS). O canjicão se mantém cotado a R$ 36,50 (60kg/FOB) e, também em sacas de 60 quilos (FOB) a quirera de arroz a R$ 34,00. O farelo de arroz (FOB/Arroio do Meio) manteve-se em R$ 370,00 a tonelada.
Fonte: Planeta Arroz
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