Arroz

Mais arroz para Minas Gerais

EPAMIG, UFLA E EMBRAPA lançam duas novas cultivares


Publicado em: 05/03/2012 às 09:25hs

Mais arroz para Minas Gerais

Mais duas novas cultivares de arroz adaptadas para plantio em Minas Gerais foram lançadas nessa quinta-feira (1º de março) durante dia de campo de arroz na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) em Lambari (Sul de Minas). As cultivares BRSMG Rubelita e BRSMG Caçula são resultantes de vários anos de pesquisas do programa de melhoramento genético do arroz, conduzido pela EPAMIG, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Embrapa Arroz e Feijão.

Estiveram presentes no evento o diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, Plínio Soares; o reitor da Ufla, Antônio Nazareno Mendes; o prefeito de Araxá, Jeová Moreira da Costa, a pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Ângela de Fátima Abreu, além de pesquisadores da EPAMIG e Ufla, extensionistas da Emater-MG, produtores e técnicos.

O pesquisador e melhorista de arroz Plínio Soares apresentou as principais características da cultivar Rubelita - plantio em várzea, resultado de mais de 12 anos de pesquisas. Testada por pesquisadores da EPAMIG e Embrapa Arroz e Feijão, Rubelita é recomendada para plantios em condições de irrigação por inundação em várzea. Ela apresenta características como grão longo e fino - tipo agulhinha, bom rendimento de grãos inteiros - durante o beneficiamento do arroz. Quanto à produtividade, esta cultivar apresentou média de 6533 kg por hectare, em ensaios comparativos avançados realizados no período entre 2004 e 2009. Rubelita foi testada nas regiões Zona da Mata, Norte e Sul de Minas Gerais. “Antes do lançamento de novas cultivares são realizadas avaliações de qualidade de grãos em termos de rendimento de grãos inteiros no beneficiamento dos materiais genéticos, além de pesquisa de aceitação do produto por donas de casa, quanto à textura, sabor e aroma após o cozimento. O “teste da panela” é fundamental.”, explica Plínio.

Já a cultivar Caçula é indicada para terras altas com ou sem irrigação por aspersão. De acordo com o pesquisador da Ufla Antônio Alves Soares a Caçula apresenta ciclo de colheita precoce, entre 100 e 110 dias após o plantio. Outra característica desta cultivar é o rendimento do grão inteiro, pois não quebra durante o beneficiamento. “É uma cultivar recomendada para agricultura familiar por ter menor risco de cultivo, devido à sua precocidade”, explica. O pesquisador afirma que foram 20 anos de pesquisa para se obter esse resultado. “Somente em Minas Gerais foram 13 anos de ensaios, sem contar em outros estados do País”, conta.

Durante as dinâmicas de campo os participantes conheceram a produção das duas novas cultivares. Também puderam acompanhar colheita mecanizada da cultivar Caçula, além de observarem os experimentos de campo da cultivar Rubelita. Para o arrozilcutor de Heliodora (Sul de Minas), Osvaldir Demarchi, a pesquisa contribuiu muito para o aumento da produção de arroz em sua propriedade. Osvaldir cultiva arroz de várzea desde a década de 80. “Atualmente produzo entre 7 e 8 kg por hectare. A pesquisa não pode parar, ou então, ficamos ultrapassados”, enfatiza.

Segundo Plínio, a produção de arroz e feijão em Minas Gerais é realizada, principalmente, por pequenos produtores, mas as cultivares de arroz desenvolvidas pela EPAMIG atendem do pequeno ao grande orizicultor. Ele explica que para o pequeno produtor, que tem menos capacidade de assumir riscos, é fundamental realizar o plantio na época correta, que deve ser concentrado em outubro e novembro. O pesquisador também alerta para outro importante aspecto: o ponto ideal da colheita. “Deve ocorrer quando os grãos da panícula estão verde-amarelados”, explica. 

As sementes básicas da Caçula estarão disponíveis para o produtor rural adquirir a partir de agosto deste ano, informa o pesquisador Antônio Soares. Já a cultivar Rubelita, que ainda está em produção de semente genética, deverá estar disponível para o produtor a partir de 2013. Ambas poderão ser adquiridas na EPAMIG.

Melhoramento genético em arroz

Desde a década de 70 a EPAMIG desenvolve pesquisas de avaliação e seleção de linhagens e cultivares de arroz, realizadas em parceria com outras instituições. Durante esses 37 anos de pesquisas foram lançadas 30 variedades de arroz, sendo 13 terras altas e 17 de várzeas.  O programa de melhoramento genético dessas culturas alimentares busca desenvolver cultivares mais produtivas e com melhor aceitação no mercado. Recentemente aprovado pela Fapemig, o projeto “Avaliação, seleção e recomendação de cultivares e linhagens de arroz irrigado em Minas Gerais” dará continuidade aos trabalhos desenvolvidos no programa de melhoramento genético do arroz da EPAMIG. O projeto, de autoria do pesquisador Plínio Soares, testará novas linhagens e cultivares adaptadas às condições de várzeas. Estão sendo realizados ensaios de avaliação nas Fazendas Experimentais da EPAMIG em: Lambari (Sul de Minas), Leopoldina (Zona da Mata) e Nova Porteirinha (Norte de Minas). A previsão para conclusão desse projeto é de dois anos. Os resultados esperados são lançamentos de cultivares mais tolerantes às principais pragas e enfermidades e que possuam grãos longos e finos, agulhinha, de boa qualidade industrial e de cozimento.

Tolerância a doenças


O programa de melhoramento do arroz também enfrenta como desafio desenvolver variedades tolerantes às doenças desta cultura. Uma doenças mais disseminada nesta cultura é a Brusone, causada pelo fungo Pyricularia grisea. É considerada a doença de maior importância para o arroz, uma vez que os danos causados podem comprometer grande parte da produção da lavoura. De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, que atua na área de fitopatologia, Vanda Cornélio, as duas novas cultivares são apresentam tolerância a essa doença. “Há produto químico no mercado para combate da Brunose, entretanto, é um fator que pode aumentar o custo da produção”, explica. Segundo Vanda o principal entrave da doença é o fator clima. “Temperaturas amenas, orvalho da noite, dia nublado. Tudo isso pode provocar a doença causada pelo fungo”, disse. A pesquisadora sugere que o arrozicultor adquira semente básica tolerante a essas doenças, antes de iniciarem o cultivo. Em Minas Gerais a taxa de utilização de semente básica pelo produtor de arroz é de 40%, enquanto que a do feijão é 11%.