Na quarta (29) e quinta-feira (1°), o grupo se reuniu em Penedo e em Igreja Nova, cidades do Território da Cidadania do Baixo São Francisco Alagoano, para traçar as ações que serão executadas com esse objetivo. Entre as iniciativas pactuadas por órgãos governamentais, empresários do setor e produtores rurais está a implantação de uma Unidade Coletiva de Multiplicação de Sementes e a geração e transferência de tecnologias para elevar a qualidade do arroz produzido nos municípios do território.

O primeiro encontro do grupo ocorreu na quarta-feira (29), na sede do Sebrae em Penedo. Na reunião, os diversos atores envolvidos participaram de uma oficina coordenada pelo analista em transferência de tecnologia da Embrapa, Raimundo Rabelo, na qual puderam externas suas demandas para construção de um conjunto de ações que possa fortalecer a rizicultura na região. As ações focarão três linhas de atuação: aprimoramento do sistema produtivo do arroz utilizado pelos agricultores no Baixo São Francisco; intensificação das ações de transferência de tecnologia na área de rizicultura para que cheguem mais facilmente aos agricultores e apoio no desenvolvimento da cadeia produtiva do arroz na região.

Já na quinta-feira (1°), as atividades foram realizadas no Perímetro Irrigado do Boacica, da Codevasf, em Igreja Nova. No encontro, foi apresentada aos membros da cadeia produtiva do arroz no Baixo São Francisco a proposta de atuação conjunta elaborada na reunião do dia anterior, o modelo para produção e disponibilização de sementes e a validação do plano de atuação da Embrapa na região. A reunião no Boacica também discutiu o Arranjo Produtivo Local (APL) do arroz, a atuação dos membros da cadeia produtiva e a continuidade do processo de fortalecimento da rizicultura no Baixo São Francisco.

Sementes

Os participantes pactuaram a implantação de uma Unidade Coletiva de Multiplicação de Sementes no Perímetro Irrigado do Boacica. A unidade deverá produzir sementes selecionadas que possam atender em maior quantidade e qualidade os produtores da região.

“Hoje a região enfrenta um problema com a utilização de sementes sem origem definida, o que compromete a produtividade da cultura. A Embrapa tem trabalhado com a variedade BRS Tropical, da qual conhecemos a origem genética. Temos, na nossa unidade, cerca de 12 toneladas de sementes básicas dessa variedade, que poderão ser multiplicadas e beneficiar a cadeia do arroz”, explicou Reginaldo Alves Paes, gerente do Escritório de Negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia em Petrolina (PE). Ele ainda afirmou que os membros da cadeia produtiva estão em negociação com o Governo do Estado para aquisição dessas sementes básicas. Uma comissão de agricultores do Boacica irá acompanhar a implantação da unidade.

De acordo com o gerente regional de empreendimentos de irrigação da Codevasf em Alagoas, José Domingos Salles Bizarro, a previsão é que a Unidade Coletiva de Multiplicação de Sementes esteja funcionando até o final deste ano. “O objetivo é que no plantio da safra 2013/2014 os agricultores já possam utilizar as sementes básicas multiplicadas da variedade BRS Tropical nos perímetros irrigados da Codevasf em Alagoas. Atualmente os perímetros utilizam a cultivar ‘Formoso’, que não vem mais apresentando bons índices de produtividade”, afirmou. Ele ainda declarou que a unidade atuará como demonstrativa para capacitar os agricultores em todas as etapas do processo produtivo do arroz, como preparação do solo, nutrição e adubação.

O gerente regional da Codevasf também destacou a participação da companhia no processo. “Daremos apoio logístico com a cessão à Embrapa de lotes no Perímetro Irrigado do Boacica para implantação da unidade de sementes, além de atuar na viabilização de recursos orçamentários e financeiros para investimentos em ações que fortaleçam a cadeia produtiva”, pontuou.

Tecnologias

Para Maria José Del Peloso, chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO), o fortalecimento da cadeia produtiva do arroz no Baixo São Francisco representa bem a missão da empresa pública de pesquisa agropecuária. “Esse desafio é a missão da Embrapa. Nós possuímos tecnologia que é gerada pela empresa e temos como tarefa transferir esse conhecimento para os agricultores, que serão multiplicadores desse conhecimento. Para isso, atuaremos com novas variedades de arroz apropriadas às condições da região, na produção de sementes básicas de maior qualidade e na capacitação em manejo de produção do arroz e da própria semente para permitir que a região produza arroz do tipo 1, com maior exigência de qualidade. Esse fortalecimento da cadeia certamente se reverte em mais renda para as famílias dos produtores, alimentos para a população e respeito ao meio ambiente”, destacou.

Ao final da reunião da quinta-feira, os membros da cadeia produtiva fizeram uma visita ao lote cedido pela Codevasf à Embrapa no Perímetro Irrigado do Boacica para conhecer os experimentos com variedades de arroz. No local, são testadas 15 variedades do grão com quatro repetições cada uma.

As ações pactuadas pelas instituições da cadeia produtiva do arroz no Baixo São Francisco devem começar a ser executadas ainda em março.

Participaram dos debates o gerente regional de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf em Alagoas, José Domingos, e demais técnicos da companhia em Alagoas e Sergipe, o secretário adjunto de Agricultura de Alagoas, José Marinho, acompanhado de técnicos da Seagri/AL, secretários municipais de Agricultura de Penedo, Igreja Nova, Porto Real do Colégio e Piaçabuçu, vereadores desses municípios, Maria José Del Peloso, chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, e demais técnicos das unidades Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) e representantes dos Distritos de Irrigação do Boacica e do Itiúba, organizações que representam os produtores rurais dos perímetros de irrigação mantidos pela Codevasf em Alagoas, empresários de beneficiamento do arroz e articuladores do Território Rural da Cidadania do Baixo São Francisco, entre outros.