Publicado em: 20/08/2012 às 11:30hs
O presidente da Federarroz, Renato Rocha, reconhece que a situação torna-se ainda mais preocupante com o rebaixamento da expectativa de intensidade do fenômeno climático El Niño previsto para a primavera, de intermediário para fraco. “O El Niño costuma ampliar o volume de chuvas no Rio Grande do Sul, o que poderia ajudar a recompor os mananciais, apesar do risco de atrapalhar o plantio. A previsão de um fenômeno fraco e chuvas dentro da média ou abaixo, preocupa”, afirma.
Com a soma destes fatores, a Federarroz passou a trabalhar com uma expectativa de área cultivada entre 800 mil e 900 mil hectares de superfície semeada na safra 2012/13, uma redução projetada entre 22,7% e 13,1%, respectivamente, sobre 1,036 milhão/ha cultivados no ciclo 2011/12. “É o quadro para o momento, que pode ser alterado nos próximos 60 dias se chover tudo o que não choveu no outono e no inverno”, comenta. Para Renato Rocha, entre 80% e 90% da área que deixará de ser semeada com arroz será utilizada para o cultivo de soja, alternativa que está dando certo nas várzeas no Rio Grande do Sul em anos mais secos.
O dirigente chama a atenção dos arrozeiros para algumas recomendações técnicas para a cultura da soja em várzeas nesta safra, como: utilizar variedades que possuam bom potencial produtivo, aliado a resistência a umidade e doenças, priorizar o cultivo em coxilhas, descartar o cultivo em várzeas alagadiças, ao se cultivar em várzea, priorizar aquelas áreas que possam ter um bom sistema de drenagem.
O levantamento realizado entre os dias 1º e sete de agosto de 2012, apontou que os 32 municípios consultados cultivaram 856.187 hectares no ciclo 2010/11, quando as barragens estavam cheias. Para a próxima temporada, há disponibilidade de água para plantar só 489.586,72 hectares, ou 57,18% da dimensão cultivada naquele ciclo e um déficit de 366.600 há, ou 42,81%. As regiões mais criticas são a Fronteira Oeste, Campanha e Depressão Central. “Há municípios com apenas 10% da disponibilidade hídrica nas barragens e açudes”, assegura. Na Campanha, Bagé e Dom Pedrito aparecem com 20% da capacidade de irrigação, São Gabriel com 23% e Rosário do Sul com 25%.
Na Depressão Central, Agudo tem 10% de reserva hídrica nas barragens, Formigueiro 25%, São Sepé 27,5% e Cachoeira do Sul e Restinga Sêca, 30%. Na Fronteira Oeste, Itaquí e São Borja têm 40% de disponibilidade hídrica, enquanto Quaraí só 50%. O maior produtor arrozeiro do Brasil, Uruguaiana, tem água atualmente para cultivar 55% da área, em razão do inverno seco. “A previsão é de aumento do volume de chuvas na primavera, mas não tão acima da média como se esperava inicialmente e no verão a tendência é de normalidade”, diz Alexandre Aguiar, climatologista da MetSul.
Faltando cerca de 30 dias para o início do plantio da safra de arroz 2012/13, os produtores vivem um período de indefinição por causa do clima e da expectativa de repactuação das dívidas do setor, que chega a R$ 3,1 bilhões. Na semana que passou, o assistente-técnico de arroz da Emater-RS, José Enoir Daniel, explicou que seriam necessários volumes pluviométricos de no mínimo 600 milímetros, em 60 dias, para regularizar as condições nos reservatórios de 35% das áreas cultivadas, que recebem irrigação de barragens artificiais. Segundo ele, dificilmente a área plantada será maior do que 900 mil hectares no período 2012/2013. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) deverá divulgar uma estimativa preliminar de área a ser cultivada nos próximos dias. No setor, é grande a expectativa a cerca destes dados.
Fonte: Federarroz
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