Arroz

Estoque e oferta em baixa garantem preços firmes para o arroz em setembro

Acumulado do mês, segundo a Esalq, já chega à casa dos 8,87%. Desempenho da exportação e final dos estoques em alguns estados brasileiros sustentam os preços mais altos


Publicado em: 21/09/2012 às 17:00hs

Estoque e oferta em baixa garantem preços firmes para o arroz em setembro

Mesmo com o feriado de Dia do Gaúcho, nesta quinta-feira, 20 de setembro, que pode impactar também as operações nesta sexta-feira, as cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul seguem em alta, com reflexos também na comercialização do produto beneficiado, pela indústria, ao varejo nacional. Segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&F/Bovespa, após valorizar 15,82% em agosto, para R$ 35,50, nos 20 primeiros dias de setembro a saca (58x10), à vista, alcançou cotação média de R$ 38,65 no Rio Grande do Sul, acumulando uma apreciação de 8,87% no mês. Em dólar, pela cotação desta quinta-feira, a saca equivalia a US$ 19,10. Segundo a consultoria Safras & Mercado, esta é a maior cotação alcançada pelo arroz em oito anos.

Esta trajetória de alta está associada a um conjunto de fatores como a baixa oferta por parte do produtor que ainda tem estoques sob sua administração, o sucesso das exportações, as importações abaixo da média anual dos últimos anos e a expectativa de um estoque de passagem mais enxuto. Também concorre para isso a oferta de arroz de safras mais antigas ou de acesso mais difícil nos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ao final dos estoques em alguns estados. Levantamento do Irga, no entanto, indica que não houve queda significativa nos volumes processados pela indústria gaúcha. A expectativa de uma produção mais enxuta em 2012/13 no Brasil e no Mercosul, também afetam o mercado.

Neste cenário, o mercado livre de arroz gaúcho orbita em torno dos R$ 38,00, para a saca de 50 quilos de arroz, em casca (58x10), sem observação da chamada “tabela orelhana” em quase a totalidade das operações. Demandante, a indústria não tem feito grandes exigências para fechar negócios, mesmo a preços de mercado. Principalmente os clientes de fora do RS. No Litoral Norte as variedades nobres (64x6) são remuneradas na faixa de R$ 41,00 a R$ 42,00 por saca.

Em Santa Catarina os preços médios subiram para o patamar de R$ 34,00 a R$ 35,00, mas os estoques nas mãos dos produtores praticamente inexistem, o que vem forçando uma alta mais significativa nos preços do produto beneficiado. Pode ser observado um “descolamento” nas cotações ao produtor e nas médias do produto beneficiado negociado com o varejo. No Mato Grosso a saída tem sido buscar arroz no Rio Grande do Sul e países vizinhos (Argentina e Paraguai), via Foz do Iguaçú e localidades fronteiras. As cotações médias chegam a R$ 53,00 de média para a saca de 60 quilos de arroz em casca, com referência para a AN Cambará (55% acima).

LEILÕES

Os leilões de arroz em casca realizados pelo governo federal para ampliar a oferta de produto para a indústria e liberar espaço de armazenagem para a próxima safra, têm alcançado uma procura significativa, mas abaixo da expectativa de alguns segmentos que projetavam um furor do segmento industrial na disputa destes estoques. Na última terça-feira (18) a Conab realizou dois leilões. A oferta de 52,4 mil toneladas de arroz referente ao aviso 333/12, negociou 83,8% do total. Foram transacionadas 43,895 mil toneladas, com média ponderada de R$ 37,38. Já o aviso de venda 334/12 alcançou aproveitamento de 53,7% da oferta de 28,06 mil toneladas. Foram comercializadas 15,07 mil toneladas. A média foi de R$ 37,28.

SAFRA

Nos últimos 10 dias, algumas regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul com maior déficit hídrico, como a Fronteira Oeste, a Campanha e a Depressão Central, acumularam cerca de 200 milímetros de chuvas, o que soma quase que a totalidade esperada para o mês em situação normal. Embora os níveis dos mananciais tenham se elevado, as precipitações não foram suficientes para recuperar todos os danos causados pela estiagem. A expectativa da continuidade de chuvas acima das médias históricas faz o Irga e a Emater/RS estimarem a possibilidade do Rio Grande do Sul repetir a área cultivada no ano que passou, em torno de 1 milhão de hectares. Dados oficiais devem ser divulgados no final do mês.

PIS/COFINS

O segmento produtivo sofreu um duro revés nesta terça-feira, quando a presidente Dilma Rousseff vetou a emenda do deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) à Medida Provisória 563, que retirava a isenção de PIS/Cofins sobre o arroz importado. A taxa elevaria em 9,25% o custo de ingresso deste produto, inclusive do Mercosul, no mercado brasileiro. Mesmo tendo sido aprovada e cumprido todos os trâmites legislativos no Senado da República e na Câmara Federal, a medida não recebeu o respaldo da presidente Dilma, sob a alegação de que a taxa também incidiria sobre a farinha de trigo, produto o qual o Brasil é grande importador, e este custo chegaria ao consumidor. A pressão dos governos argentino e uruguaio, principalmente, também contou, uma vez que o Brasil tem interesses nestes mercados para produtos manufaturados.

O anúncio traz um significativo alívio para algumas indústrias e tradings, que já iniciaram movimentos para importar arroz dos Estados Unidos (que está finalizando sua colheita) e outros terceiros mercado. O que não ajuda, em nada, foi o anúncio pela Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) de que há traços de arsênico, um elemento cancerígeno, em 200 amostras de grão, bolos, cereais e bebidas feitas com arroz daquele país. Ainda assim, o órgão anunciou que ainda testará outras mil amostras para emitir uma posição sobre os riscos que o produto provoca à saúde.

A FDA considera limitar os volumes de arsênico em produtos de arroz dos EUA. De qualquer maneira, diante da possibilidade de importações com esta origem que foi ventilada nas duas últimas semanas, o setor produtivo brasileiro está atento e poderá acionar agentes de saúde brasileiros no sentido de promoverem testes fitossanitários e para a presença de arsênico em cargas vindas de terceiros mercados.

MERCADO


A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica valorização de 20 centavos no preço referencial da saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10) no mercado gaúcho em uma semana, agora cotada a R$ 38,00. A saca de 60 quilos de arroz branco manteve a cotação de R$ 76,00 sem ICMS/FOB. Os quebrados de arroz também mantiveram os preços, com o canjicão referenciado a R$ 38,00 e a quirera em R$ 34,00, ambos em sacas de 60 quilos (FOB/RS). O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), manteve os R$ 360,00 por tonelada.

Fonte: Planeta Arroz

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