Publicado em: 30/08/2012 às 17:50hs
Os leilões devem acontecer na próxima sexta-feira, mas o impulso de compra das indústrias foi parcialmente freado por um comunicado da Conab de que, ao invés da previsão inicial, o arroz comercializado em um dos editais (quase 90% do volume) será produto remanescente das safras 2005/06 e 2006/07, e não da safra 2010/11. O produto disponibilizado será dos estoques públicos, fruto de operações de Aquisição do Governo Federal (AGF) e Contratos de Opção.
A venda de arroz, pelo governo, tem por objetivo nivelar os preços que já superam R$ 35,00 no Rio Grande do Sul, segundo os indicadores oficiais. E o momento também é propício para o governo livrar-se de estoques de safras antigas, que agregam o custo de carregamento e raramente conseguem reembolsar o equivalente ao valor investido na compra do cereal e o pagamento dos custos de armazenagem, etc... O “arroz velho” deverá gerar algum interesse das indústrias exportadoras, dependendo do valor de abertura que será determinado nesta quarta-feira pela Conab, para a venda de quebrados, quirera, entre outros.
Os produtores protestaram contra a liberação de estoques, informando que os volumes ofertados ao mercado se mantêm estáveis e o produtor recém consegue preços capazes de fazê-lo superar os prejuízos causados pelos baixos preços de comercialização das duas últimas safras. E pede ao governo que monitore os resultados do leilão. A expectativa do setor é de uma queda na verticalização da curva ascendente na performance da alta, mas os analistas ainda desconsideram uma baixa nos preços até a próxima semana. A oferta pequena para os padrões do mercado gaúcho (cerca de 8% do volume) e a qualidade do grão oferecido nos leilões, não será suficiente para um impacto maior, ainda que psicológico, sobre a comercialização. Tudo dependerá do próximo passo dado pela Conab relativo à realização de novos pregões. O anúncio da queda na safra gaúcha, por falta de água para irrigação e substituição de áreas por soja, também manteve o mercado firme.
PREÇOS
Assim, apesar do anúncio dos leilões, os fatores estruturais de baixa oferta, falta de arroz no Centro-Oeste, bom volume de exportações e queda na próxima safra, mantiveram os preços em alta. O indicador de preços do arroz em casca para o Rio Grande do Sul da Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias - BM&FBovespa alcançou R$ 35,01 nesta terça-feira (28/08), com valorização de 63 centavos em quatro dias úteis e de 14,23% no mês. O valor é estimado para a saca de 50 quilos (58x10) colocada na indústria, com pagamento à vista. Em dólar, a alta é mantida, pois equivalia, pela cotação do dia 22, a US$ 17,02, e agora equivale a US$ 17,14.
Então, na medida em que o arroz brasileiro é valorizado no mercado interno, também o País segue se tornando ainda mais atraente aos grãos Mercosul. Na última semana surgiram fortes boatos da importação, por empresa gaúcha, de arroz de terceiros países. Segundo divulgou no último final de semana a Agrotendências Consultoria em Agronegócios, os volumes de beneficiamento de arroz no Rio Grande do Sul reduziram em junho, com base na arrecadação da taxa CDO. Teriam caído de 683 mil toneladas em maio para 632 mil. A queda em junho é vista, pelo setor, como uma tendência natural pela ocorrência das férias escolares de julho. Na comparação com junho de 2011, a queda foi de 30 mil toneladas.
No mercado livre gaúcho a referência de cotações é de R$ 35,00 pela saca de arroz em casca de 50 quilos (58x10), com baixa oferta de produto. Enquanto a indústria aguarda os leilões para se posicionar no mercado e sonda os fornecedores internacionais, o produtor espera preços firmes e o posicionamento da Conab após os pregões. As variedades nobres no Litoral Norte gaúcho, acima de 64x6 estão cotadas a R$ 38,00 e entre R$ 35,50 e R$ 37,00 na Fronteira Oeste (60x8).
Em Santa Catarina o mercado tem preços entre R$ 29,00 e R$ 32,00 dependendo da praça. Surpreendeu esta semana a presença de compradores catarinenses agindo com intensidade na Depressão Central gaúcha. Nas principais praças do Mato Grosso, a saca de 60 quilos, com 55% de inteiros acima, com referência na variedade Cambará, estabilizou-se com média de R$ 45,00 e até R$ 48,00 para o grão de melhor qualidade.
EXPECTATIVA
Os analistas consultados por Planeta Arroz esta semana consideram que o resultado destes primeiros dois leilões de arroz em casca, pela Conab, será decisivo para a formação de preço ao longo de setembro. Julgam que a volta do governo ofertando no mercado, pode gerar um enfraquecimento da alta e até a estabilização das cotações. Um cronograma de vendas mais significativas ao longo de setembro, o que é improvável, afetaria as cotações internas inclusive com baixa, principalmente se for acompanhada de um aumento das importações e retração nas vendas externas. Mas, à medida que o setembro avançar, o clima também será decisivo. Se chover bem, como é a previsão dos institutos de meteorologia, a área de cultivo deverá gradativamente retomar volumes próximos da normalidade (1 milhão de hectares). Se, ao longo de setembro e outubro as chuvas não forem assim tão significativas, as cotações internas tendem à pressão de alta, a menos que o governo volte a intervir de maneira mais forte no mercado.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica o preço referencial de R$ 35,00 para a saca de arroz em casca (58x10) no livre mercado gaúcho, com valorização de 50 centavos em uma semana. A saca de 60 quilos de arroz branco é cotada a R$ 73,00 sem ICMS/FOB, com alta de R$ 3,00. Já os quebrados de arroz mantiveram os preços, com o canjicão referenciado em R$ 36,00 e a quirera em R$ 32,00, ambos em sacas de 60 quilos (FOB/RS). O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), segue cotado a R$ 330,00 a tonelada.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Conab
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