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Arroz: em direção a preços mundiais mais estáveis?

Em fevereiro, os preços mundiais tiveram quedas menores em comparação aos meses anteriores. Os preços parecem se estabilizar à medida que ficam mais claras as ofertas de exportação e as demandas de importação


Publicado em: 05/03/2012 às 15:50hs

Arroz: em direção a preços mundiais mais estáveis?

A Índia continua influenciando os intercâmbios mundiais, oferecendo os preços mais baixos do mercado. Os exportadores sofrem a agressiva competição comercial da Índia, especialmente nos mercados da África Subsahariana e do Oriente Médio. Com uma redução do comércio mundial de 7% em 2012, a guerra dos preços pode retornar nos próximos meses. Por enquanto, os perdedores seriam a Tailândia, o Vietnã e os Estados Unidos. A Índia, e um pouco menos o Paquistão, aumentaria suas exportações para lançar-se, talvez, ao primeiro lugar do ranking mundial.

Em fevereiro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu apenas 3,6 pontos para 236,8 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 240,4 pontos em fevereiro. No início de março, o índice IPO se mantinha ao redor de 235 pontos.

Produção e comércio mundiais Segundo a FAO, a produção mundial em 2011 alcançou 722 milhões de toneladas (481,2Mt base arroz branco) contra 700Mt de arroz em casca em 2010, um aumento de 3%. As colheitas têm melhorado em quase todas as regiões arrozeiras do mundo graças a uma extensão das áreas de cultivo, as quais alcançariam cerca de 164Mha. Este incremento se concentra nos principais países produtores asiáticos, especialmente China, Índia e Indonésia, que totalizam quase dois terços da produção mundial.

Em 2011, o comercio mundial deu um salto de 8% alcançando um volume recorde de 34,5Mt contra 31,5Mt em 2010. Em 2012, os Intercâmbios devem cair 7% para 32,9Mt devido ao declínio da demanda de importação asiática. As disponibilidades exportáveis dos principais exportadores se mantêm amplamente suficientes para atender a demanda mundial.

Os estoques mundiais de arroz no final de 2011 foram novamente aumentados para 140,8Mt contra 134,7Mt em 2010. Estas reservas representam 32% das necessidades mundiais. Em 2012, as projeções mundiais indicam um novo incremento significativo de 8% para atingir o nível recorde de 151Mt.

Mercado de exportação

Na Tailândia, os preços caíram levemente 1% por causa de um mercado pouco ativo. As vendas externas acumuladas desde o início do ano são 50% inferiores em relação ao ano anterior. Há uma forte competição da Índia e do Vietnã em seus mercados tradicionais do Oriente Médio. Ainda assim, há a expectativa de grandes vendas para a Indonésia, que anunciou recentemente que quer importar cerca de 2Mt este ano. Em 2012, as exportações tailandesas podem não exceder as 6,5Mt, uma queda de quase 40% em comparação ao ano passado. Em fevereiro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 536/t Fob contra $ 544 em janeiro. O Tai Parbolizado, por sua vez, foi revalorizado para $ 556/t contra $ 535/t em janeiro. O quebrado A1 Super se manteve relativamente estável a $ 511/t contra $ 514/t em janeiro. No início de março, os preços se mantinham firmes dentro de um mercado mais ativo.

No Vietnã, os preços de exportação caíram em média 5%. Os vietnamitas esperam captar mercados controlados até agora por exportadores tailandeses. Mas também olham de perto os avanços atuais da Índia nos mercados de baixa qualidade. Em fevereiro, apesar de uma reativação das exportações, elas apresentam um atraso de 40% em relação ao ano passado na mesma época.

Em 2012, as exportações vietnamitas podem alcançar 6,5Mt; volume equivalente à Tailandia e também à Índia. Em fevereiro, o Viet 5% marcou $ 424/t contra $ 444 em janeiro. O Viet 25% baixou para $ 388/t contra $ 410 anteriormente. No início de março, os preços estavam em níveis ainda mais baixos.

No Paquistão, os preços subiram 2% em relação a janeiro, em função das boas perspectivas de exportação a 3,7Mt contra 3Mt em 2011. Não obstante, o setor local se mostra preocupado com o possível impacto negativo das importações de arroz da Índia, as quais seriam re-exportadas para os mercados tradicionais paquistaneses (Afganistão, Irã). O Pak 25% foi cotado a $ 380/t contra $ 373/t em janeiro.

Na Índia, as vendas externas continuam prejudicando seus competidores por causa dos baixos preços. As novas projeções de exportação em 2012 indicam que a Índia estaria se aproximando de seus competidores tailandeses e vietnamitas. A produção da Índia continua crescendo e os estoques públicos são abundantes.

Em termos do volume exportado durante os cinco últimos meses, a Índia foi o principal exportador. Em 2012, as exportações podem alcançar cerca de 6,5Mt, volume equivalente às previsões tailandesas e vietnamitas. O arroz indiano 25% se manteve estável a $ 385/t contra $ 384/t em janeiro.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação seguem caindo. Em fevereiro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 baixou 2,5% para $ 521/t contra $ 534 em janeiro. Os Estados Unidos devem enfrentar uma severa competição dos exportadores asiáticos e sulamericanos, especialmente nos mercados do Oriente Médio, estando estes últimos também sob pressão da Índia. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros se mostram extremamente voláteis, terminando o mês em ligeira queda comparado a janeiro.

No Mercosur, os preços de exportação aumentaram levemente. A produção arrozeira será provavelmente menor em relação às colheitas recordes de 2011, o que deveria sustentar os preços internos. Ainda assim, as reservas públicas, sobretudo no Brasil, continuam abundantes. Portanto, as disponibilidades exportáveis serão novamente significativas. Os volumes de exportação dependerão, de qualquer modo, dos subsídios que o governo brasileiro outorgará este ano. Recordemos que em 2011, estes permitiram ao Brasil exportar um volume histórico de 1,3Mt, destinado em boa parte aos mercados africanos.

Na África, as colheitas foram pequenas devido à falta de chuva, principalmente nos países do Sahel onde os preços do arroz, e dos cereais em geral, se mantêm altos. As importações de arroz, aumentando em 2012, poderiam alcançar 10Mt, ou um terço das importações mundiais.

Fonte: Infoarroz

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