Publicado em: 22/07/2013 às 10:40hs
O mês de julho, em seus primeiros 18 dias, já apresentou uma valorização de 1,7% para o arroz em casca no Rio Grande do Sul. O percentual é maior do que aquele registrado em junho, de 1,58%, embora a evolução se mantenha lenta e gradual. Segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa (58x10 / 50kg), a cotação da saca de 50 quilos (58x10), à vista, chegou a R$ 34,64, com aumento de 33 centavos em 10 dias.
Pela cotação desta quinta-feira (18/7), a saca equivalia a US$ 15,55 dólares. Em moeda estadunidense, por causa de uma recuperação do valor do Real na política de câmbio do País, o produto valorizou 35 centavos. No mercado livre, nas principais praças gaúchas, o arroz com este padrão tem preços médios entre R$ 33,50 e R$ 36,00, dependendo do prazo de pagamento, da região e onde o produto está armazenado, entre outros fatores.
Variedades nobres são cotadas a R$ 39,00 no Litoral Norte (64x6) e entre R$ 35,00 e R$ 36,00 (60x8) na Fronteira Oeste. Frente à mesma época do ano passado, as cotações médias gaúchas estão 17% maiores.
Em Santa Catarina, os preços ao produtor mantêm estabilidade entre R$ 32,00 e R$ 34,00 nas principais praças. No Mato Grosso, à medida que a safra está negociada, o cereal começa a valorizar, seguindo a tendência do Sul do País. Há pouco arroz na mão do produtor e as cotações se elevaram R$ 1,00 essa semana, para R$ 37,00 a saca de 60 quilos com arroz em casca (55% acima), em Sinop e Sorriso. O valor ainda é 10% menor do que na mesma época do ano passado por causa de uma safra maior naquele estado.
COMPORTAMENTO
Nas últimas duas semanas, como previsto por Planeta Arroz, houve um aumento na oferta de lotes do cereal pelos produtores em razão dos vencimentos de custeio, compra de insumos e pagamento de parcelas de dívidas e renegociações de dívidas por parte dos rizicultores gaúchos e catarinenses. Ainda assim, o mercado não mostrou enfraquecimento, pois pequenas e médias indústrias com baixos estoques aproveitaram para recompor seu volume de matéria-prima. E o anúncio, pela Conab, de que a safra nacional será menor do que o projetado, principalmente pela frustração nas regiões que cultivam o grão mais tarde, fortaleceu essa posição. Todavia, esse movimento aumentou a pressão das indústrias e, principalmente, o varejo sobre o governo federal, solicitando a realização de leilões de oferta para garantir o fluxo de mercado.
Lideranças supermercadistas anunciaram que até o início de agosto deverão repassar de forma mais objetiva a alta dos preços do arroz aos consumidores, uma vez que há um impasse nas negociações com a indústria, que alega já ter feito todas as concessões possíveis e estar operando praticamente sem margem de lucro. Todavia, os indicadores e pesquisas de preços ao consumidor divulgados essa semana apontam uma queda de quase 3% do cereal nas gôndolas dos supermercados das principais capitais brasileiras em junho.
Ainda assim, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) confirma-se a informação de que do ponto de vista técnico o anúncio de leilões de oferta de arroz está pronto, faltando apenas a decisão política. Em reação a isso, as entidades arrozeiras gaúchas têm reunião na próxima semana no MAPA, oportunidade em que voltarão a solicitar uma discussão com o setor antes da realização de leilões. As lideranças setoriais e políticas gaúchas e catarinenses já deflagraram uma campanha para que a Conab revise a decisão de congelar os preços mínimos do arroz para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados que representam 75% da produção nacional, e argumentam que são exatamente estes estados fundamentais para a segurança alimentar brasileira.
O congelamento do preço mínimo é uma medida de desestímulo, entendem, uma vez que há um grande esforço dos produtores em não aumentarem a área plantada para não prejudicar o mercado, optando por investirem, do próprio bolso, em inovadoras tecnologias para o cultivo de soja e milho.
EXPORTAÇÕES
As vendas externas continuam demonstrando toda a sua importância para as cotações domésticas. O mês, que começou com viés de baixa, inverteu a tendência graças ao esforço exportador de duas empresas, de Pelotas e Uruguaiana, que conseguiram fechar contratos para embarcar pouco mais de 90 mil toneladas de arroz (base casca) que saem do Porto de Rio Grande no sábado (20/7) e na primeira semana de agosto. Isso também deve manter uma média boa nas exportações nacionais, embora muito aquém daquela registrada nos anos anteriores e menor do que a média das importações.
A valorização do dólar foi fundamental para viabilizar os negócios, uma vez que os preços internos mais altos e as cotações internacionais em baixa tornam o Brasil pouco competitivo no mercado mundial. As corretoras fecharam a carga em menos de uma semana, e o movimento elevou as cotações nas regiões próximas ao Porto de Rio Grande, criando dois padrões de preços no Rio Grande do Sul, conforme já vem sendo comum a este mercado.
Por falar em mercado externo, esta semana a Cooperja, de Santa Catarina, anunciou um projeto para iniciar as exportações do cereal para o Oriente Médio. No ano passado, 17,5% das 130 mil toneladas beneficiadas pela empresa tiveram como destino a América Central e a África. Vale lembrar que cerca de 70 empresas brasileiras integram um programa setorial e de governo com a Apex-Brasil, para ampliar o mercado internacional para o arroz brasileiro. Consolidar um mercado forte com nove países da África, Oriente Médio, Europa e América do Sul é o objetivo do programa.
BALANÇA COMERCIAL
Nos quatro primeiros meses do ano comercial 2013/14, entre março a junho de 2013, o Brasil exportou 56,7% menos arroz do que no mesmo período da temporada passada. As vendas externas somam 303,8 mil toneladas (base casca), segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em junho foram negociadas 73,1 mil toneladas (base casca). Frente ao mesmo mês, no ano passado, houve um recuo de 50% do volume embarcado. A Conab projeta que o Brasil deverá exportar 1 milhão de toneladas, mas mantida a média atual de 76 mil toneladas ao mês, o país chegará apenas a 912 mil/t.
Em contrapartida, foram importadas 132,8 mil toneladas (base casca) em junho, com aumento de 16,4% em relação ao volume adquirido em maio. Foi a maior compra dos últimos sete meses, demonstrando que a indústria e o varejo brasileiros estão buscando alternativas aos preços domésticos.
Nos quatro primeiros meses deste ano comercial o volume de arroz importado Já alcança 456,3 mil toneladas, sendo 56% deste volume beneficiado e 35,5% descascado, segundo a Agrotendências Consultoria. O volume é 56% maior do que no ano passado. O déficit da balança comercial brasileira do arroz alcança 152,6 mil toneladas. Mantida essa média, poderá beirar as 460 mil toneladas em 12 meses.
TRIBUTAÇÃO
Outra novidade importante para o setor é a notícia de que o Governo do Rio Grande do Sul irá reduzir o imposto sobre insumos para estimular a indústria gaúcha, com redução do ICMS de 17% para 12% para saídas de indústria para indústria do Estado. Deste modo, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) pretende apoiar a indústria local e desestimular aquisições de outros Estados. A medida está sendo tomada para dar maior competitividade à indústria gaúcha no momento em que o setor começa a dar sinais de declínio de sua atividade. O decreto desonera a produção sem prejuízo da arrecadação de ICMS na medida em que transfere o recolhimento para a fase de comercialização (diferimento). A medida representa o início de um processo que deve se estender a outros setores. No momento, 16 segmentos servirão para avaliação sobre o impacto econômico da iniciativa, entre eles o arroz, a indústria extrativa mineral e energia elétrica, áreas diretamente associadas ao setor.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica cotações médias estáveis de R$ 34,30 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca, no Rio Grande do Sul. A saca de 60 quilos do produto beneficiado vale R$ 69,00. Nos “derivados”, a tonelada do farelo de arroz colocada em Arroio do Meio/RS se manteve em R$ 350,00. O preço do canjicão (60kg/FOB) é em R$ 37,00 e o da quirera (60kg/FOB) permanece em R$ 33,50.
Fonte: Planeta Arroz
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