Algodão

Perspectivas para o Algodão: Desafios e Oportunidades no Mercado Global

Relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA aponta principais tendências e atualizações sobre o setor de algodão


Publicado em: 25/03/2025 às 11:30hs

Perspectivas para o Algodão: Desafios e Oportunidades no Mercado Global

O mais recente relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA traz uma análise detalhada sobre o mercado de algodão, destacando tanto as pressões internacionais quanto os fatores favoráveis no mercado interno brasileiro. Acompanhe as principais atualizações sobre a commodity.

Queda no Mercado Internacional e Estabilidade no Brasil

Após uma queda significativa em fevereiro, o preço do algodão no mercado internacional, negociado na NYBOT, deve registrar sua quinta queda mensal consecutiva em março. Em contraste, o mercado interno brasileiro mostrou um cenário mais favorável na primeira metade de março, com uma leve recuperação dos preços. Em fevereiro, o preço do algodão caiu 1,9% na Bolsa de Nova York e, na primeira quinzena de março, a queda foi de mais 3,1%, fixando-se em USD 64,23/lb.

A expectativa global é de que a produção de algodão aumente 1,7 milhão de toneladas em relação à safra 2023/24, o que resultará em um crescimento de 6% nos estoques mundiais, superando 17 milhões de toneladas. A tarifa de 15% imposta pela China ao algodão dos EUA tem contribuído para a pressão sobre os preços no mercado internacional.

Demanda Interna e Melhora nos Prêmios de Exportação

No Brasil, os preços do algodão mantiveram-se estáveis em fevereiro, mas experimentaram uma recuperação de 2,5% na primeira quinzena de março, atingindo R$ 4,05/lb em Rondonópolis. Esse aumento é reflexo de uma demanda crescente pela pluma e da melhora nos prêmios de exportação, o que favoreceu a precificação interna do produto.

Apesar da queda nas exportações brasileiras em fevereiro — que registraram 277 mil toneladas, uma redução de 33% em relação ao mês anterior —, o total acumulado nos primeiros sete meses da temporada 2024/25 já alcançou 1,9 milhão de toneladas, um aumento de 17% em relação ao mesmo período da safra anterior. As exportações devem totalizar 2,9 milhões de toneladas até julho de 2025. A China continua sendo o maior destino do algodão brasileiro, com 424 mil toneladas, representando 22% do total exportado, seguida pelo Vietnã e Paquistão.

Expectativas para os Estados Unidos e Impactos no Mercado Global

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê um superávit global significativo, com uma oferta de algodão relativamente folgada. Uma redução significativa na área plantada nos EUA é esperada para a safra 2025/26, o que pode gerar algum alívio nos preços internacionais. No entanto, especialistas não acreditam em grandes altas, uma vez que o USDA revisou para cima a previsão de produção mundial, com destaque para a produção de algodão na China, que foi ajustada para 6,9 milhões de toneladas, 200 mil toneladas a mais do que a estimativa anterior.

Esse aumento na produção chinesa impacta diretamente as importações do país, que agora estão previstas em 1,5 milhão de toneladas, uma redução significativa em relação aos 3,3 milhões de toneladas importados na safra anterior. Esse ajuste nas projeções reflete uma mudança no panorama global, com a China acumulando estoques e colhendo uma grande safra este ano.

Além disso, a relação de preços entre algodão e grãos favorece o milho neste ano, enquanto a seca no sul e oeste do Texas tem diminuído o interesse pelo cultivo de algodão. A tarifa de 15% imposta pela China ao algodão dos EUA, em resposta às tarifas de Trump sobre produtos chineses, também contribui para uma possível redução da área plantada.

Desafios e Perspectivas

A guerra comercial entre Estados Unidos e China continua a impactar o mercado de algodão, com potenciais efeitos inflacionários e uma desaceleração na economia global. Esse cenário pode reduzir o poder de compra e afetar a demanda pela matéria-prima, embora a China tenha acumulado estoques significativos e esteja colhendo uma grande safra, o que limita as possibilidades de valorização expressiva nos preços da pluma.

O cenário global do algodão, portanto, segue misto, com desafios vindos do mercado internacional, mas com um ambiente interno brasileiro relativamente mais positivo, impulsionado pela demanda e pela melhora dos prêmios de exportação.

Fonte: Portal do Agronegócio

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