Algodão

Monitoramento do Ácaro-Rajado: A Nova Ameaça à Produtividade do Algodão

Pesquisador alerta para a relevância crescente da praga, que pode gerar perdas significativas se não for controlada adequadamente


Publicado em: 09/10/2024 às 07:30hs

Monitoramento do Ácaro-Rajado: A Nova Ameaça à Produtividade do Algodão

O ácaro-rajado (Tetranychus urticae) exige monitoramento rigoroso, pois, se não for controlado quando atingir 10% das plantas de algodão infestadas, pode provocar perdas estimadas em 20% da lavoura. Essa estimativa, equivalente a mais de 1.000 kg de fibra por hectare em uma área com potencial produtivo de 5,2 mil quilos por hectare, é ressaltada pelo pesquisador Jacob Crosariol Netto, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA). Segundo ele, essa praga, que até cinco anos atrás ocupava uma posição secundária, agora se destaca entre os agentes que causam perdas na produtividade do algodão.

Crosariol Netto explica que, anteriormente, o ácaro-rajado aparecia apenas no final do ciclo da cultura, em ambientes secos, ou no meio e fim da safra, exigindo cuidados que o produtor conseguia manejar com facilidade. Contudo, atualmente, essa praga está presente durante todo o ciclo do algodão, o que demanda atenção redobrada.

Nas regiões mato-grossenses de Campo Verde e Primavera do Leste, o pesquisador observa que a aplicação excessiva de fungicidas para doenças foliares e inseticidas de baixa seletividade tem eliminado os inimigos naturais do ácaro-rajado. “Esses produtos não controlam a praga e, ao contrário, aceleram seu ciclo reprodutivo, fazendo com que as populações do ácaro se multipliquem rapidamente”, afirma.

Esse cenário requer cuidados específicos nas aplicações de acaricidas e outras medidas protetivas. “No passado, realizávamos de duas a três aplicações desses produtos. Hoje, chegamos a realizar até 12 aplicações na safra, dependendo da região do Mato Grosso”, revela.

Crosariol Netto também foi um dos responsáveis por conduzir ensaios com o acaricida fenpiroximato, da Sipcam Nichino Brasil, recentemente registrado para controle do ácaro-rajado. Ele destaca que, integrado aos sistemas de manejo da cultura e em rotação com outros ativos, essa solução demonstrou eficácia de controle superior a 80%. “Devemos aplicar em condições de controle, quando a população do ácaro-rajado estiver no nível ideal de 10% de plantas infestadas”, enfatiza. “As soluções existentes, como o fenpiroximato, demandam uma boa tecnologia de aplicação, pois o ácaro se instala na parte inferior da folha, e precisamos garantir uma distribuição adequada de gotas para atingir o alvo”, complementa.

O pesquisador salienta a importância do monitoramento constante das lavouras e a busca por recursos alternativos que possam conter a praga. “Ao optar por cultivares mais saudáveis, que evitam doenças, conseguimos reduzir o uso de fungicidas e, consequentemente, minimizar o desequilíbrio em relação aos inimigos naturais do ácaro-rajado”, exemplifica.

Crosariol Netto finaliza alertando que a praga está em ascensão e que a efetividade na rotação de ativos é crucial, uma vez que o ciclo de desenvolvimento do ácaro-rajado é rápido. “Aplicações sequenciais de um mesmo ingrediente ativo na lavoura podem resultar na seleção de populações resistentes. No entanto, com um manejo estruturado, é possível conviver bem com a praga”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

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