Publicado em: 11/11/2024 às 17:30hs
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) disponibilizou as informações agromensais referentes ao mês de outubro de 2024, destacando o comportamento de preços e a dinâmica de diversos produtos agropecuários no Brasil. O levantamento revela variações influenciadas por fatores climáticos, mercado externo e dificuldades internas, apresentando um cenário de estabilidade para alguns produtos e alta para outros.
Os preços do açúcar cristal branco no mercado spot de São Paulo seguiram trajetória de alta ao longo de outubro, impulsionados pela oferta limitada de usinas para pronta-entrega, principalmente do Icumsa 150. A escassez deve-se ao grande volume destinado às exportações e à queda de produtividade, causada pelas queimadas que afetaram as lavouras em agosto. Na segunda quinzena do mês, observou-se um aumento no interesse dos compradores por novas negociações.
Com o avanço do beneficiamento de pluma no Brasil, as exportações de algodão aceleraram em outubro, com 281 mil toneladas embarcadas, o maior volume desde dezembro de 2023. Este aumento superou o recorde mensal de 2024, que até então estava em fevereiro, com 258,2 mil toneladas. O ritmo de exportação reflete a boa performance do setor, impulsionada pela demanda externa.
O mercado de arroz apresentou estabilidade em outubro, com os preços se mantendo sem variações expressivas. Não houve choques de liquidez, mas os produtores mantiveram atenção no cultivo da nova safra, que está atrasada em relação ao ano anterior. O interesse pela exportação aumentou devido à valorização do câmbio, enquanto as indústrias enfrentaram dificuldades na comercialização do arroz beneficiado, o que pressionou as cotações no mercado interno.
Os preços da pecuária continuaram sua trajetória de alta desde o final de agosto, com ajustes ocorrendo em momentos distintos entre as regiões. Em outubro, os diferenciais de preço em relação ao mercado paulista retornaram aos níveis de outubro do ano passado. A análise por estado mostra que ainda existem oportunidades para variações de preços entre as diversas praças pecuárias.
Em outubro, o retorno das chuvas no cinturão cafeeiro trouxe alívio significativo aos produtores, estimulando as floradas nas regiões produtoras de arábica. A continuidade das chuvas é crucial para garantir o sucesso da safra de 2025/26, especialmente em face ao desfolhamento das lavouras, que pode impactar a produtividade das plantações de sequeiro.
O mercado de etanol manteve preços firmes em outubro, sustentados por um possível período de entressafra mais longo nos próximos meses, e pelo consumo doméstico aquecido. A paridade de preços favorável no varejo também contribuiu para o cenário de estabilidade. Contudo, incertezas quanto ao ciclo 2025/26, agravadas pelo clima de 2024 e pelas queimadas em agosto, continuam a afetar as perspectivas para a produção.
Os preços do frango, que já vinham subindo desde agosto, continuaram em alta em outubro, marcando o terceiro mês consecutivo de aumento. A demanda aquecida pela carne avícola e a competitividade crescente com a carne bovina, cujos preços ainda permanecem elevados, impulsionaram essa tendência de valorização no mercado.
O mercado de milho também registrou alta de preços em outubro, sustentada pela demanda interna aquecida e pela retração de vendedores. A escassez de milho disponível no mercado spot, aliada aos altos valores pedidos pelos produtores, dificultou a aquisição de novos lotes. Esse cenário fez com que algumas regiões atingissem os maiores preços do ano.
Os preços do cordeiro apresentaram comportamentos variados entre os estados. No Rio Grande do Sul, os preços recuaram em comparação a setembro, enquanto na Bahia, houve valorização. Essa disparidade nos preços reflete as diferenças nas condições de oferta e demanda entre as regiões.
Os preços da soja aumentaram em outubro, impulsionados pela forte demanda das indústrias esmagadoras e pela retração dos produtores, que optaram por não negociar grandes volumes no mercado spot. No entanto, o déficit hídrico no início da temporada e a normalização das chuvas ao final de outubro limitaram a magnitude dessa alta.
As chuvas no final de outubro afetaram negativamente as lavouras de trigo, especialmente no Sul do Brasil, onde as precipitações atrasaram a colheita. O clima úmido nas últimas fases de maturação das lavouras no Paraná intensificou as preocupações sobre a produtividade, prejudicando o desempenho das lavouras e dificultando a conclusão do ciclo da cultura.
Fonte: Portal do Agronegócio
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