Turismo Rural

Turismo rural: convite a conhecer a vida do campo

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento


Publicado em: 19/01/2017 às 18:40hs

Turismo rural: convite a conhecer a vida do campo

Segundo a instituição, será uma ótima oportunidade para promover o papel do turismo no crescimento econômico, inclusivo e sustentável e na defesa dos valores culturais. Da parte que nos cabe, é fácil exemplificar como o meio rural pode ser um destino ideal para pessoas que querem fugir da correria da cidade e curtir a calmaria da natureza.

Muitos agricultores familiares já contribuem com tal atividade. Além de produzir, não faltam exemplos de brasileiros que estão abrindo as portas de suas propriedades e ingressando no mercado do turismo rural. De acordo com a turismóloga do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) Nathália Hallack, a definição de turismo rural tem uma relação direta com as atividades produtivas da propriedade e pode ser usado como uma fonte de renda complementar pelo agricultor.

A especialista explica que existe um enorme potencial da agricultura familiar nessa área, principalmente em regiões que têm uma cultura mais rural. “Locais como Espirito Santo, Minas Gerais, a região Sul do país têm isso muito forte. Alguns roteiros se estruturam a partir da visitação dessas propriedades”, conta Nathália.

De acordo com o estudo “Retrato do Turismo Rural No Brasil, com foco nos Pequenos Negócios”, realizado pelo Sebrae, o turismo rural conta com uma forte presença da agricultura familiar. Dos 122 empreendimentos que participaram da pesquisa, cerca de 88% são propriedades familiares. A pesquisa ainda mostrou que as atividades oferecidas estão fortemente ligadas ao cotidiano da agricultura familiar e visam apresentar aos visitantes os hábitos da vida no campo. Entre as atrações, as que se destacam são as visitas às áreas das propriedades e aos espaços de produção, com a integração do visitante às atividades rurais. Mais de 60% dos empreendimentos pesquisados ofereciam esse tipo de serviço.

A agricultora Caren Soares, de 49 anos, mora a 30 Km de Porto Alegre e decidiu abrir as portas da sua Granja Santantonio para visitantes há 11 anos. “Outras pessoas já recebiam turistas aqui na região. Pensamos que seria uma renda a mais porque a gente vive só da agricultura familiar, e o turismo viria para agregar”. E veio mesmo! Caren vive com o marido, as duas filhas, além de um casal de amigos. O trabalho com a agricultura é de família. Na propriedade, adquirida pelos avós do marido em 1968, há plantação de hortaliças, que são vendidas em feiras e por encomendas. A produtora conta que a principal fonte de renda vem da agricultura, mas que o turismo rural já corresponde a cerca de 30% do sustento da família.

É importante, entretanto, que os agricultores não deixem de lado suas atividades produtivas, como alerta a turismóloga Nathália Hallack: “O ideal é ir trabalhando o turismo aos poucos, vendo-o como fonte complementar de renda. Até mesmo para não perder as características, pois a originalidade do turismo rural está justamente na relação do homem com o campo”, explica.

A Granja Santantonio está entre as propriedades dos Caminhos Rurais de Porto Alegre, um grupo de estabelecimentos rurais que recebem turistas. Na granja, os turistas têm a oportunidade de conhecer o modo de vida dos agricultores, os seus produtos, as plantações e a história da família.

O turismo pedagógico também é um viés interessante. Caren conta que recebe grupos escolares de instituições de ensino do estado. Para os pequenos, a programação é diferenciada. “Têm crianças que vieram há cinco anos e continuam indo na feira fazendo o pai comprar os produtos orgânicos”, conta a agricultora, que se adaptou a diferentes tipos de demanda para oferecer roteiros mais atrativos.

Caren afirma que valeu a pena ingressar no turismo rural. “Eles veem a vida que a gente leva e conscientizam também que aquele produto deu muito trabalho para chegar até lá. As pessoas se encantam com o nosso trabalho”, conta.

“O turismo traz uma questão muito forte na autoestima desses produtores no sentido deles se sentirem reconhecidos e valorizados pela própria população urbana. Sem dúvida um dos benefícios do turismo rural é a manutenção desse homem do campo, a valorização de sua cultura e a preservação do meio ambiente”, ressalta Nathália Hallack.

Crescimento e apoio

A turismóloga da Emater/RS-Ascar, Fernanda da Silva, explica que já existe uma ação no Rio Grande do Sul para aperfeiçoar o setor: “Temos um Grupo de Trabalho de Turismo Rural do estado, coordenado pela Secretaria do Turismo e Esporte. Estamos fazendo inventariação da oferta turística rural (pesquisa, por meio de questionário), e já recebemos cerca de 300 questionários”. Segundo ela, as expectativas para são grandes. “Para o ano de 2017, temos 102 municípios planejados para atendimento de turismo rural, sendo que pode se ampliar. O número total de famílias a serem atendidas, a princípio, será de mais de 3 mil”, afirma.

A extensionista ainda explica que as práticas registradas para atendimento na Emater estão divididas em melhoria de rotas e roteiros, planos, melhoria de atendimento aos turistas e produtos turísticos.

Além de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) especializada, oferecida em alguns estados, outra política pública que tem a participação da Sead para os agricultores familiares que pensam em investir no setor é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Leia mais sobre o Pronaf aqui.

Descubra o Brasil Rural

Ao longo de uma semana, a Sead vai divulgar atrações, ações e políticas voltadas para o turismo rural. A ideia é estimular, valorizar e reconhecer projetos de diferentes regiões do país. Leia mais sobre a campanha no Tumblr da Sead.

2017: o Ano Internacional do Turismo Sustentável

Com este marco, a ONU promove o papel do turismo em seguintes cinco áreas-chave: crescimento econômico inclusivo e sustentável; inclusão social, emprego e redução da pobreza; eficiência de recursos, proteção do ambiente e alterações climáticas; valores culturais, diversidade e patrimônio; compreensão mútua, paz e segurança. A declaração oficial está prevista para esta semana, no dia 18 de janeiro, durante uma feira em Madri. Saiba mais

Fonte: Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário

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