Soja

Soja: Com alta de mais de 1% em Chicago nesta 2ª, mercado espera melhor demanda chinesa nos EUA

As cotação subiam quase 10 pontos entre os principais contratos negociados na Bolsa de Chicago, com o novembro/18 já sendo cotado a US$ 9,02 por bushel


Publicado em: 20/08/2018 às 10:10hs

Soja: Com alta de mais de 1% em Chicago nesta 2ª, mercado espera melhor demanda chinesa nos EUA

O mercado internacional da soja dá início a uma nova semana de forma bastante positiva, com altas de mais de 1% no pregão desta segunda-feira (20). As cotação subiam quase 10 pontos entre os principais contratos negociados na Bolsa de Chicago, com o novembro/18 já sendo cotado a US$ 9,02 por bushel.

Segundo explicam analistas internacionais, essa continuidade do movimento positivo observado na última semana vem das expectativas de que a China deverá a voltar parte de sua demanda à oleaginosa norte-americana, uma vez que, nesse momento, a oferta na América do Sul é cada vez mais escassa.

Além disso, uma delegação chinesa chega a Washington no fim deste mês para retomar as negociações com os EUA em torno das disputas tarifárias e, de acordo com informações de agêncis internacionais, líderes de ambos os países estariam trabalhando em ações que façam com que Donald Trump e Xi Jinping cheguem a um acordo efetivo em cúpulas multilaterais que serão realizadas nos próximos meses.

"Eles têm de resolver essa batalha porque a China precisa da soja americana no quarto trimestre, embora o mercado chinês esteja, neste momento, sob pressão por conta de uma pontual e temporária situação de excesso de estoques e de notícias de gripe suína", explicou um trader de soja de uma companhia estrangeira à Reuters Internacional.

Nesta segunda-feira, tanto soja em grão como farelo caíram quase 2% na China, já refletindo essas melhores expectativas de um acordo entre chineses e americanos, mas ao mesmo tempo refletia também a confirmação de seu terceiro caso de peste suína africana.

Por outro lado, como explica o diretor da Cerealpar e consultor do ordin Grain Terminal de Malta, Steve Cachia, o clima nos EUA e os dados de crop tours nos EUA podem limitar o avanço dos preços nesta semana.

"Essa semana deve ser caracterizada também pelo tradicional crop tour da ProFramer, com o resultado da nova estimativa de safra sendo publicado na sexta-feira (24)", diz. "Para hoje, a expectativa é de nova deterioração nas condições das lavouras americanas", referindo-se ao novo boletim semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta segunda-feira (20), às 17h (Brasília), após o fechamento do mercado.

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja sobe mais de 4% na semana em Chicago com China e EUA mais próximos de um acordo

A semana foi de importante recuperação para os preços da soja no mercado internacional. Os vencimentos novembro/18- referência para o mercado - e janeiro/19 subiram mais de 4% e 5%, respectivamente, levando as cotações a US$ 8,92 e US$ 9,05 por bushel.

Os preços já vinham se recuperando na Bolsa de Chicago após a despencada da sexta-feira anteriro (10), quando foram impulsionados pelas informações de que China e Estados Unidos iriam retomar suas negociações em torno das disputas tarifárias.

O mercado, depois disso, chegou a subir mais de 3% - ou quase 30 pontos - somente no pregão desta quinta-feira (16), trazendo importante recuperação de patamares para os principais indicativos. Uma nova delegação chinesa deverá chegar a Washington no final deste mês e os principais líderes de ambos os países voltarão a conversar.

De acordo com informações da agência internacional de notícias Dow Jones Newswires, frentes de ambos os países já estariam trabalhando para que as conversas entre Xi Jinping e Donald Trump resultem, finalmente, em um acordo.

"O plano representa um esforço das duas partes para evitar que a espiral de tensões comerciais - que já envolveu bilhões de dólares em tarifas e traz junto a ameaça de centenas de bilhões em novas barreiras - detone a relação entre Washington e Pequim e sacuda ainda mais os mercados globais", diz a notícia.

Além dessa proximidade de um acordo, segundo especula o mercado, os traders já começam a ver cada vez com mais frequência e força a necessidade da China de voltar a comprar soja dos Estados Unidos e esse tem sido um importante fator de suporte para os preços, como explica o analista de mercado da Insoy Commodities, Marlos Correa.

"A China necessita desse volume de compra, e não vai deixar de consumi-la, nem farelo e, principalmente, óleo vegetal. Então, por mais que tenha essa guerra, a China acaba voltando para o mercado americano, já que estamos praticamente no fim da safra brasileira", diz.

A oferta brasileira está bastante restrita, 85% da safra 2017/18 já está comprometida e os prêmios pagos no Brasil já chegaram em seu limite, com os chineses pagando até US$ 2,60 acima de Chicago nos melhores momentos do mercado nacional.

Ademais, mesmo com as taxações e a chegada da nova e grande safra dos EUA, ainda como explica Correa, o produto americano acaba se mostrando um pouco mais competitivo para os importadores da China. "O mercado já absorveu todo o impacto desse impasse, e a demanda vai voltar da China para os EUA", completa.

Tecnicamente falando, ainda segundo o analista da Insoy, o mercado segue trabalhando de lado, buscando seus altos e baixos, mas já se aproximando muito do 'fundo do poço', com um piso importante nos US$ 8,50 por bushel.

Preços no Brasil

No Brasil, os preços da soja, nos portos principalmente também subiram de forma bastante expressva no acumulado da semana, com força não só de Chicago, mas ainda do dólar. Nesta sexta-feira, a soja disponível voltou a superar os R$ 90,00 por saca nos terminais de exportação.

Em Paranaguá, o produto ficou em R$ 92,00, com alta de 2,22%, enquanto em Rio Grande foi a R$ 91,50, subindo 5,17%. Ainda no porto paranaense, alta de de 1,81% para a referência fevereiro/19, com R$ 83,00, e de 5,11% para o gaúcho, no setembro/18, para 92,50.

"Se colocarmos na ponta do lápis o ganho que o produtor está tendo é um bom preço, satisfatório para participar do mercado neste momento", acredita Marlos Correa.

Além das exportações, o analista chama atenção ainda às necessidades maiores de compra de indústria no final do ano, fator que pode ajudar a manter as cotações fortalecidas no Brasil. "E são nesses momentos que o produtor tem que entrar e aproveitar", afirma. "O produtor tem que estar atento e não esperar grandes estouros de preço", completa.

Dólar

A demanda intensa - tanto externa, quanto interna - mais os prêmios se aliam ainda ao câmbio, que também se mantêm como importante fator de suporte para os preços da soja brasileira. A moeda americana subiu pela segunda semana e fechou o pregão desta sexta-feira nos R$ 3,9147, após chegar a tocar nos R$ 3,95 ao longo do dia. No acumulado semanal, a alta foi de 1,31%.

"O mercado doméstico seguiu a melhora externa. Não foi além por causa do final de semana", comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora doméstica à Reuters ao citar a cautela que predomina nos negócios.

Fonte: Notícias Agrícolas

◄ Leia outras notícias