Clima

Seca faz produção despencar

A temperatura média máxima dos primeiros 21 dias de 2015 foi de 29,8°C, a mais alta para o período nos últimos 20 anos no Distrito Federal - a média em janeiro é de 26,9°C, segundo o Insituto Nacional de Meteorologia (Inmet)


Publicado em: 22/01/2015 às 20:00hs

Seca faz produção despencar

O calor e a seca provocam desconforto para o brasiliense e prejuízo aos produtores Rurais. As perdas na produção de Soja, Milho e feijão serão as piores da última década. Números da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) indicam redução de 35% nas culturas de grãos, que dependem das chuvas para a irrigação.

A baixa no nível dos mananciais não chegou a prejudicar os produtores de hortaliças, mas, se o clima não ajudar, a seca trará problemas para o setor. A última chuva no DF aconteceu em 4 de janeiro, de acordo com o Inmet. Até o momento, o acumulado de precipitações neste mês foi de 15 milímetros. O esperado para janeiro é de 247 milímetros. Ontem, a maior temperatura foi de 30,8ºC e a umidade baixou a 30%. Até o início da noite, leitores do Correio relataram chuva em Ceilândia, na EPTG, na Estrutural, no Lago Oeste, em Santa Maria e em Vicente Pires, mas as estações do instituto não tiveram nenhum registro.

As pancadas de chuva devem se intensificar até 3 de fevereiro. De acordo com a meteorologista Márcia Seabra, se a previsão se confirmar, pode ser que a temperatura caia no primeiro mês do ano e fique dentro da média histórica do órgão. O pesquisador da Embrapa Cerrados e presidente do Comitê de Bacias do Paranoá, Jorge Werneck, alerta que, em 40 anos, o volume de precipitações reduziu de 1,5 mil milímetros por metro cúbico para 1,2 mil. Além disso, nas últimas duas décadas, as chuvas passaram de menos intensas e mais longas para mais fortes e curtas, e o período de seca aumentou. "Guardadas as devidas proporções, é um pouco do que acontece com São Paulo", diz.

Solo impermeável

De acordo com Werneck, a combinação da diminuição de chuvas e da concentração das precipitações impacta diretamente na vazão da maioria dos rios do DF, o que reflete na diminuição do nível dos reservatórios da região. "Isso influencia em toda a Agricultura. O DF, planejado para um número bem menor de moradores, cresce de forma desordenada. As ocupações irregulares impermeabilizam a terra com construções e asfalto, por exemplo. Isso diminui a infiltração de água no solo e, consequentemente, a alimentação dos lençóis freáticos que sustentam as vazões dos rios no período de seca."

Um dos proprietários da Fazenda Stanislau, o produtor de Soja Sidnei Petes Izoton calcula um prejuízo de quase 50%. Uma porção de grãos que renderia cinco gramas pesará em torno de um grama. Ele espera ganhar o suficiente apenas para cobrir o prejuízo. "Faltou água justamente no período em que o grão amadurece. Então, as vagens da Soja ficaram pequenas, e os caroços, murchos. Sem peso, o rendimento será fraco. O lucro foi por água abaixo", lamenta. O produtor de feijão Genédio Miles perdeu 100% da plantação. "Faltou chuva e ficou muito quente. Os feijões cozinharam dentro das vagens. Meu prejuízo chega a R$ 270 mil", conta.

Técnicos da Secretaria de Agricultura do DF apresentarão um balanço das perdas em toda a região aos ministérios da Agricultura e da Fazenda. A intenção é prorrogar as parcelas de financiamento dos produtores Rurais para custear a Lavoura do período e, com isso, minimizar o impacto da perda. "Sofreremos uma redução de grãos de mais de 200 mil toneladas em função dessa Estiagem prolongada e com calor intenso. Em situações graves como essa, temos que garantir a prorrogação do vencimento dos financiamentos. A perda de feijão pode impactar no preço final, mas é cedo para estimarmos. Já no caso da Soja e do Milho, é preciso acompanhar a produção em outros estados. Se for forte, também pode impactar no preço da carne de frango e porco, posteriormente", afirma o secretário de Agricultura, José Guilherme Leal.

A estimativa de perdas do Sindicato Rural é pior. De acordo com o presidente da instituição, Luís Ângelo Cappellee, o prejuízo pode chegar a 50%. "O problema é a Estiagem em uma fase crítica das culturas. Nós, que somos produtores, não temos visto temperaturas assim em janeiro nos últimos 10 anos", diz. Engenheiro agrônomo da Cooperativa Agropecuária do DF (Coopa-DF), Cláudio Malinski concorda. "Somente a chuva pode nos ajudar a amenizar o problema. A perda financeira para o DF pode chegar a R$ 30 milhões. A cada dia que passamos sem chuva, a situação fica mais crítica", lamenta.

Fonte: Correio Braziliense

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