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Produtores cobram menores taxas de juros e mais empenho de autoridades políticas para melhorias no agronegócio

Demandas do setor e discursos enérgicos marcam a abertura da TECNOSHOW COMIGO, em Rio Verde


Publicado em: 10/04/2018 às 13:10hs

Produtores cobram menores taxas de juros e mais empenho de autoridades políticas para melhorias no agronegócio

“Com a Selic a 6,5% e a taxa de investimento rural a 8,75%, o produtor tem perdido renda e não consegue fazer os investimentos necessários em tecnologia e na atividade rural”, ressaltou o presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO), Antonio Chavaglia, durante a abertura da 17ª edição da TECNOSHOW COMIGO, ocorrida nesta segunda-feira, 9, em Rio Verde (GO). Com a presença de representantes dos governos federal, estadual e municipal, além de produtores rurais goianos, imprensa e demais convidados, ele cobrou mais empenho das autoridades para buscar soluções para melhorar a atividade agropecuária e fortalecer o setor, que segundo ele, tem mantido – apesar das dificuldades - a economia brasileira aquecida.

De acordo com Chavaglia, o produtor tem buscado investir em máquinas e implementos, armazenamento dos grãos, mas encontrado uma falsa viabilidade econômica para isso. “Isso assusta a gente na hora de investir. O preço de máquinas e implementos subiram 150% nos últimos seis anos e isso está fora da realidade. É uma incoerência grande. As autoridades desse País precisam verificar a taxa de juros para investimento. Porquê da forma que está, o produtor só vem perdendo renda ano após ano, e isso interfere na economia e geração de emprego e renda. Muitos estão deixando a atividade”, enfatizou.

O presidente da COMIGO disse também que já cobrou do governo federal posição relacionada às taxas de juros e outros gargalos como transporte e segurança, por meio do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi – com quem esteve recentemente -, mas que soluções não foram apresentadas ainda. “As autoridades políticas têm tudo para fazer as melhorias e reformas necessárias, porém não tem sido feito. Quem fica penalizado com tudo isso é a sociedade”, disse. Na abertura da feira, o ministro não esteve presente, porque está em viagem para a Europa. Nenhum representante do Ministério também participou da solenidade.

Projeção nacional

O governador de Goiás, José Eliton, ressaltou a importância da TECNOSHOW COMIGO para a apresentação de novas ferramentas tecnológicas e qualificação do produtor rural, além de comercialização de produtos. “Economicamente, é um evento extremamente relevante para a economia do estado e, consequentemente, da Região Sudoeste do estado. Do ponto de vista de formatação e ferramentas de tecnologia da produção do campo tem um forte impacto no produtor rural na medida em que oferta um conjunto de palestras extremamente expressivas para a produção no campo e é uma feira tradicional, referência não só na Região Sudoeste, não só em Goiás, mas como no Brasil todo. A cada ano que passa, a feira ganha projeção nacional, respeitabilidade e, acima de tudo, a compreensão do produtor do seu papel importante na comercialização de produtos, seja na pecuária, máquinas, conjunto de ações que são comercializadas nesse período, com impacto inclusive na arrecadação do Estado, na medida que essa comercialização é tributada”, listou.

Ele ressaltou ainda que investimentos serão feitos no agronegócio goiano, mas com base em planejamento. “Ainda temos um desafio grande na área de energia para atender. A COMIGO tem um conjunto de expectativa de investimentos muito forte e uma demanda por energia. Recentemente inauguramos na cidade de Santa Helena de Goiás, dentro do Programa Goiás na Frente – um investimento do setor privado, uma subestação importante para a normalização do fornecimento de energia nessa região. Mas ainda carecemos de um conjunto de investimentos para que possamos propiciar essa infraestrutura energética adequada para o desenvolvimento local. Estamos com nossos esforços e atenção voltados para essa agenda também”, afirmou.

Questionado sobre as condições das vias de escoamento da safra na região, o governador José Eliton disse que hoje são duas realidades no estado. “Primeiro, com a malha rodoviária pavimentada. Nós estamos com toda a região Sudoeste em perfeita condição de trafegabilidade. Inclusive a GO-174, que liga Rio Verde a Montividiu, até o final de junho nós entregaremos a terceira faixa plenamente funcionando, importante via de escoamento de produção dessa região. Evidentemente, nós temos algumas GOs não pavimentadas que têm todo um processo de manutenção por parte da Agetop. É lógico que num período com chuvas tão fortes, tem um impacto na trafegabilidade dessas rodovias e não adianta jogar as máquinas hoje, porque amanhã chove e você vai ter problema. Mas nós estamos com todo o processo de planejamento de intervenções nas rodovias não pavimentadas e assim que o período chuvoso permitir, todas as máquinas estarão já entrando para dar a condição plena de trafegabilidade”, complementou.

Produção, parceria e segurança

O senador Ronaldo Caiado ressaltou a importância do agronegócio brasileiro para levar alimentos para a mesa da população em todo o mundo. De acordo com ele, o País é o segundo maior exportador de alimentos e tem evoluído, com o passar dos anos, em produção e produtividade. “Em 1994, a produção brasileira somava 75 milhões de toneladas de grãos, hoje estamos com mais de 226 milhões de toneladas. Esse crescimento só foi possível, porque tivemos homens de garra, determinados e com capacidade de liderança, como Chavaglia – presidente da Comigo”, informou. Acrescentou ainda a relevância da pesquisa para alcançar esses números, que com avanços em campo contribuiu para multiplicar em até quatro vezes a produtividade nos últimos anos.

Caiado também teceu críticas à atual situação do Brasil, informando que é preciso mudar e avançar, e até fez comparações com que outros países. Segundo ele, enquanto a Ferrovia Norte Sul está há mais de 25 anos para sair do papel de forma concreta, na China uma ferrovia com esse porte leva dois anos para ser construída. “São situações como essa que o povo não aguenta mais. A população quer que os recursos públicos sejam aplicados com transparência”, afirmou.

Já a senadora Lúcia Vânia disse entender a indignação do presidente da COMIGO, Antonio Chavaglia, e reforçou que não é diferente de outros brasileiros. “Acompanho os problemas da região e estamos buscando no Senado Federal soluções para os problemas. Em relação às altas taxas de juros, afirmou que oito senadores – inclusive os três goianos – estão trabalhando para mudar essa realidade.

O senador Wilder Morais concordou que os três senadores goianos estão juntos para trabalhar para fortalecer o agro goiano e destacou que vai propor para colocar em votação, no Senado, o projeto que aborda a questão da arma no campo.

Apoio

Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, é o momento de buscar a organização para colocar o País ‘nos trilhos’. Segundo ele, é necessário seguir o exemplo do cooperativismo. “É preciso aprender a lição da cooperação. É através da nossa capacidade de nos organizarmos que conseguimos coordenar ações não só econômicas, mas também políticas”, defendeu.

O deputado federal Heuler Cruvinel, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura da Câmara dos Deputados, relatou que o setor tem passado por diversos momentos de crise e a TECNOSHOW COMIGO está sempre ao lado do produtor rural. “É uma feira que trazido visitantes de diversas regiões brasileiras e mostra a força do agro, sustentáculo do superávit do PIB brasileiro”.

Já o deputado estadual Karlos Cabral, que é vice-presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Goiás, solicitou ao governador de Goiás, José Eliton, uma agenda de trabalho, nas próximas semanas, para discutir assuntos ligados à cadeia do agronegócio na região da Rio Verde. “Foram entregues as obras da GO-174, mas precisamos discutir outras melhorias de escoamento para o setor. Em Santa Helena de Goiás, é necessário destravar a questão da plataforma multimodal”, disse. Ele reforçou ainda que vai propor um projeto para reduzir em 15 dias o vazio sanitário da soja em Goiás, isso para igualar aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O deputado estadual Lissauer Vieira destacou que, realmente, o país vive uma insegurança jurídica e criticou a posição do Supremo Tribunal Federal (STF), que entre os anos de 2010 e 2011 decretou o Funrural como inconstitucional e no passado, voltou atrás na decisão. “Nós não nos furtamos em pagar, mas isso causa uma insegurança jurídica. Retroagir em cinco anos vai prejudicar milhares de produtores rurais e o setor que tem tirado o Brasil da crise.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, destacou a força do agronegócio, responsável pelo crescimento do PIB brasileiro, e como a feira incentiva o segmento. “Nosso setor cresceu 13% e puxou o PIB do País. Em Goiás, o estado cresceu de 7% a 8%, incentivado pelo agro, que evoluiu em 21%”, disse. José Mário afirmou que estão finalizando a formatação do Plano Safra, exatamente para não aceitar mais os juros altos que são cobrados de investimento, crédito rural e Selic.

O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, também reforçou que a feira é marcada pela credibilidade e isso traz retorno para o município. Durante a abertura, trouxe importantes números que mostram a relevância de Rio Verde no cenário do agronegócio, já que, segundo ele, é o segundo no PIB agrícola no Brasil, maior arrecadação de impostos no estado e grande criador de gado e produtor de soja. “É importante aproveitar este espaço para network e realização de negócios”, finalizou.

Fonte: TECNOSHOW COMIGO

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