O grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é uma importante hortaliça, destacando-se seu alto valor nutritivo. No Brasil, os trabalhos já realizados evidenciam que o país possui um elevado potencial produtivo quando cultivado no inverno, especialmente no Norte de Minas, onde a produtividade é bem superior à de outras regiões. Contudo, são necessárias mais informações sobre épocas de plantio e qualidade de sementes produzidas.

O objetivo do presente estudo foi avaliar o desenvolvimento do grão-de-bico BRS Aleppo sob sistema irrigado em três locais, municípios do Norte de Minas Gerais, em função de três épocas de plantio. Os experimentos foram conduzidos nos municípios de Montes Claros (638m de altitude) no ICA/UFMG, Januária (434m) no IFNMG e Janaúba (533m) na UNIMONTES, sendo os plantios realizados nos meses de maio, junho e julho de 2015. O delineamento utilizado foi o Blocos Completos Casualizados, no esquema fatorial 3x3 (três épocas de plantio x três locais) e 7 repetições. Foram avaliadas as seguintes características: altura, número de ramos, diâmetro do caule, número de vagens, produção e produtividade. Os dados foram submetidos à análise conjunta e as médias comparadas a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. A partir do experimento no município de Montes Claros-MG foi avaliada a qualidade física, e fisiológica (pelo teste de germinação), nas três épocas de plantio e em períodos de colheita (aos 100, 107, 114, 121 e 128 dias após a semeadura), no esquema fatorial 3x5.

Os dados foram submetidos à análise de variância, comparações múltiplas pelo teste Tukey e teste de regressão. O stand de plantas foi comprometido em algumas épocas pela incidência de Fusarium sp., que por consequente reduziu a produção principalmente nos municípios de Januária e Janaúba. Portanto, a análise conjunta foi feita apenas com os experimentos de Montes Claros e Januária. A menor altura de plantas foi encontrada no plantio do mês de junho em Montes Claros.

O número de vagens com duas sementes foi maior no plantio do mês de junho. Nos municípios de Januária e Montes Claros não houve diferença estatística, na mesma época de plantio, para essa característica. Em Montes Claros, destacou-se o mês de maio com produtividade acima de 5 ton ha-1 e, em Januária, no plantio de junho com produtividade acima de 3 ton ha-1. No teste de germinação foram avaliados os parâmetros: primeira e segunda contagem de plântulas normais (aos 5 e 8 dias após a montagem do teste), índice de velocidade de germinação (IVG) determinado por contagens diárias, tamanho e massa seca de plântulas ao final do teste. Houve uma diferenciação na coloração de vagens, aos 100 dias após a semeadura, no plantio de maio com maior proporção de vagens e sementes verdes, no plantio de junho uma uniformidade maior de vagens secas e o de julho com maior proporção de sementes secas.

A produção de sementes foi maior, no plantio de maio, próximo a 114 dias, após a semeadura, em média, 147 sementes por planta e uma produtividade de 6.251,89 kg ha-1 (densidade de plantas na colheita = 85%). Os plantios de junho aos 107 dias e julho aos 114 dias resultaram em um rendimento em média de 3.000 kg ha-1, porém com baixas densidades de plantas na colheita, 61 e 51%. A colheita nesses estádios apresentou máxima qualidade de sementes, com alto poder germinativo de 92 a 98% e IVG de 11,88 a 16,38. A umidade apresentou-se adequada para o armazenamento de 8,22 a 10,70%.

Os plantios de grão-de-bico apresentaram bons resultados produtivos, com destaque ao plantio no mês de maio em quantidade e qualidade de sementes. No plantio tardio (mês de julho), a qualidade das sementes é comprometida por temperaturas elevadas e ocorrência de chuvas no período de colheita.