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INTERNACIONAL: UE prepara proposta comercial para os EUA

A União Europeia (UE) está elaborando uma proposta de paz, com a qual espera encerrar as hostilidades comerciais com a Casa Branca


Publicado em: 20/04/2018 às 12:00hs

INTERNACIONAL: UE prepara proposta comercial para os EUA

A União Europeia (UE) está elaborando uma proposta de paz, com a qual espera encerrar as hostilidades comerciais com a Casa Branca e evitar a imposição de tarifas sobre o aço e o alumínio exportado pelo bloco, previstas para daqui a duas semanas, segundo autoridades europeias.

Ponto central - Seu ponto central é uma versão menor e simplificada da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) - o controvertido acordo comercial UE-EUA que foi negociado, mas nunca concluído no governo de Barack Obama.

União de forças - Para completar a proposta, a UE está considerando unir forças com os EUA para enfrentar o que ambos veem como práticas comerciais injustas da China, disseram essas autoridades.

Exigência básica - O mini-acordo proposto atende a uma exigência básica do presidente Donald Trump: tarifas menores sobre automóveis, peças e máquinas industriais americanas que entram na Europa.

Contratos públicos - Em troca das barreiras menores, que também poderão ser aplicadas a alguns produtos agrícolas e farmacêuticos americanos, a UE vai pedir acesso para suas empresas a contratos públicos nos EUA, obstáculo de longa data nas negociações da TTIP.

Compromisso - O eventual acordo poderá incluir compromisso de participação conjunta da UE e dos EUA em ações contra a China na Organização Mundial do Comércio (OMC), além da promessa de os principais governos europeus pressionaram mais Pequim para criar condições de igualdade para as empresas estrangeiras no país e para combater o roubo de propriedade intelectual, disseram autoridades alemãs. "Sobre a China, concordamos com os EUA quanto ao problema; só não concordamos com o método", disse um diplomata da UE.

Carne bovina - Junto com outros incentivos, a UE também está acelerando negociações não relacionadas que permitiriam a entrada de mais exportações de carne bovina de alta qualidade dos EUA no mercado da UE, mas que se arrastam há anos.

Frentes - A abordagem em várias frentes começou com uma iniciativa da Alemanha, cuja economia aquecida depende muito das exportações e que seria a mais prejudicada por uma escalada da guerra comercial com os EUA.

Proposta ampliada - Desde então, outros países apresentaram suas próprias ideias, ampliando a proposta, mas também complicando as negociações. A França, por exemplo, quer que o acordo seja condicionado à volta dos EUA ao Acordo de Paris sobre o clima e resiste que os produtos agrícolas sejam parte do pacote, segundo autoridades europeias.

França - No mês passado, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que "por princípio, não discutimos nada quando temos uma arma apontada para nossa cabeça" e as autoridades francesas classificaram uma retomada da TTIP como um "sinal de fraqueza".

Estratégia conjunta - Macron estará nesta quinta-feira (19/04) em Berlim para se encontrar com a premiê alemã, Angela Merkel, no que autoridades alemãs descreveram como uma tentativa de definir uma estratégia conjunta antes da visita dos dois líderes a Trump na próxima semana.

Encontro em Washington - "Deveremos ter uma proposta acabada para Trump quando Merkel estiver em Washington", disse uma autoridade alemã. "No fim, tudo vai depender de Trump ficar impressionado com a nossa proposta", acrescentou.

Isenção - Antes que negociações detalhadas com os EUA sobre como implementar a proposta da UE possam começar, as autoridades europeias insistem que a isenção de um mês às novas tarifas americanas sobre as importações de aço e alumínio passe a ser permanente.

Postura agressiva - Cecilia Malmström, comissária do Comércio da UE, manteve uma postura agressiva nesta semana, afirmando que "não vamos oferecer [aos EUA] nada a essa altura". Ela acrescentou que "esperamos ser permanentemente e incondicionalmente isentos dessas medidas [as tarifas]... Quando isso for confirmado pelo presidente [Trump], estaremos, como sempre, dispostos a discutir qualquer coisa que disser respeito à facilitação do comércio e atritos comerciais".

Rompimento - Mas diplomatas da UE e autoridades de governos europeus disseram que, por trás da retórica dura, o bloco está ocupado elaborando um acordo que evite um rompimento nas estratégicas relações com Washington. Um porta-voz do secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, confirmou que as discussões estão em andamento, mas não quis fornecer detalhes.

Segurança nacional - No mês passado, Trump invocou a segurança nacional para impor tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas concedeu à UE, Canadá, México, Austrália, Argentina, Brasil e Coreia do Sul isenções temporárias e uma oportunidade para que eles negociem uma isenção permanente.

China - O principal alvo de Trump, a China, impôs tarifas retaliatórias sobre mais de uma centena de diferentes produtos americanos, aumentando os temores de escalada de uma guerra comercial.

Contramedidas - Embora seu foco esteja na atenuação, a UE também está considerando contramedidas caso as negociações fracassem. Na segunda-feira (16/04), seus representantes na OMC seguiram a China na solicitação de consultas sobre as tarifas ao aço impostas pelos EUA. Em Bruxelas, autoridades da UE finalizaram na terça-feira (17/04) uma lista de medidas retaliatórias, caso não se chegue a um acordo até 1º de maio.

Alemanha - Em suas declarações lamentando o que descreveu como vantagens comerciais injustas da Europa, Trump sempre destacou a Alemanha, que tem grande superávit comercial com os EUA, ligando isso a outras reclamações, como os gastos militares supostamente insuficientes de Berlim.

Aço e alumínio - Isso sugere que um acordo que evite as tarifas sobre o aço e o alumínio poderá vir como um pacote de medidas europeias e nacionais, não necessariamente ligadas ao comércio. "O presidente Trump quer colocar tudo na mesa: nosso superávit comercial, exportações de automóveis, gastos com defesa e as relações com a Rússia", disse uma autoridade de Berlim.

Gastos extras - Acrescentar gastos extras com defesa pela Alemanha à proposta comercial da UE a Trump não será fácil. Os social-democratas, de tendência de esquerda e parceiros na coalizão que dá sustentação ao governo de Merkel, resistem a um aumento do orçamento militar.

Cartilha comercial - "O problema que parceiros internacionais têm é que eles estão acostumados a seguir uma determinada cartilha comercial", afirma John Clancy, consultor sênior da FTI Consulting, uma consultoria de Bruxelas especializada em negócios, fazendo alusão à maneira como Trump mudou o foco da política comercial dos EUA, das rodadas de acordos multilaterais das últimas décadas para os acordos bilaterais. "Com o atual governo americano, você tem de jogar essa cartilha fora e pensar de uma maneira totalmente nova", diz Clancy.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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