Análise de Mercado

Grupo chinês compra Dow Sementes por US$ 1,1 bilhão

Negócio fechado depois de cinco meses vai resultar na criação da LP Sementes


Publicado em: 05/12/2017 às 19:30hs

Grupo chinês compra Dow Sementes por US$ 1,1 bilhão

Cinco meses após o início da negociação, a Dow AgroSciences Sementes e Biotecnologia Brasil concluiu nesta sexta-feira (1/11) a venda de sua operação de sementes de milho para o grupo chinês Citic Agri Fund Management e sua subsidiária Yuan LongPing High-tech Agriculture. O negócio de U$ 1,1 bilhão foi anunciado em conferência de imprensa em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, com a presença de vários executivos chineses. A LongPing é a líder de mercado de sementes na China e líder global de sementes de arroz híbrido.

A nova empresa, que passa a se chamar LP Sementes, vai manter sua operação em Ribeirão Preto e terá sede em São Paulo. A LongPing vai ter acesso total ao banco de germoplasma de milho brasileiro e à marca Morgan. Terá ainda o direito de usar a marca da Dow Sementes por 12 meses. Nesse período, vai lançar uma nova identidade. A empresa já nasce com 20% do mercado nacional de sementes de milho do país e o terceiro lugar no ranking, mas tem planos ambiciosos de elevar esse percentual, embora não divulgue números.

A venda foi determinada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em julho devido à fusão da Dow com a Dupont. Na conferência, todos os executivos chineses elogiaram a excelência da tecnologia das sementes Dow e fizeram questão de dizer que a LP Sementes vai manter o quadro de funcionários da empresa adquirida. Zang Xiukuan, presidente-executivo da LongPing, se comprometeu, inclusive, a não demitir ninguém em cinco anos sem justa causa. O paranaense Vitor Cunha, gerente-geral, será mantido no cargo na LP Sementes.

Vitor Cunha disse que o negócio é uma oportunidade de diminuir as distâncias entre Brasil e China. Ele afirmou que a tecnologia de sementes Dow tem papel importante no desenvolvimento do setor. Segundo ele, há menos de 10 anos, a safrinha de milho ocupava 4 milhões de hectares, com uma produtividade de 50, 60 sacas por hectare. “Hoje, a safrinha virou safrona, tem quase 11 milhões de hectares, com produtividade de 120, 130 sacos por hectare.”

O gerente destacou ainda que as operações da Dow Sementes no Paraguai e Argentina serão reforçadas pela nova empresa, que também irá buscar novos mercados na América Latina. Anunciou ainda para breve o lançamento de novos híbridos.

O vice-presidente da Long Ping, Yuan Dingjiang, destacou que o “casamento” das empresas, aprovado pelo Cade e pela agência governamental chinesa que regula tais transações, é um marco histórico também para Ribeirão Preto, que se posiciona como uma das cidades mais importantes da agricultura nacional. Segundo ele, o Citic continuará “prestando atenção às oportunidades de negócio no Brasil”.

Shi Liang, gerente-geral do Citic, esclareceu que o fundo trabalha pra identificar empresas de alta qualidade nas mais modernas cadeias agrícolas do mundo. Além do setor de sementes, há interesse em aquisições de outros tipos de empresas como as de genética animal para patos, frangos e suínos e as desenvolvedoras de vacinas, produtos veterinários e novos modelos de agrodefensivos.

Questionado, o presidente-executivo Xiukuan afirmou que a LongPing no futuro certamente irá trazer sementes de arroz híbrido para o Brasil, mas ainda estuda onde colocar os laboratórios.

Embaixada

“O negócio marca o início de uma nova sinergia entre Brasil e China”, disse o ministro Song Yang, número 2 da embaixada chinesa no Brasil, lembrando que seu país já é o maior importador dos produtos agrícolas brasileiros, com 24,5% do total.

Segundo ele, Estados Unidos e Brasil são atualmente os principais destinos dos investimentos chineses. Além do setor de agronegócios, a China tem interesse em negócios de logística, recursos naturais e telecomunicações.

“Queremos importar mais alimentos do Brasil, mas o país precisa melhorar seu ambiente de investimento”, disse o ministro, se referindo às áreas de tributação e proteção ao meio ambiente. Segundo ele, é muito ruim que o maior produtor mundial de café não tenha uma marca forte do produto na China. “Certamente, o Brasil tem que ser mais agressivo.”

Fonte: Globo Rural

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