Crédito Rural

Governo de SP altera regra de crédito para estimular a aquisição de tratores

Programa passará a oferecer o equivalente a 50% do valor dos juros do financiamento de máquinas de pequeno porte como bônus para negociação direta entre produtor e as revendas


Publicado em: 21/03/2018 às 18:40hs

Governo de SP altera regra de crédito para estimular a aquisição de tratores

O governo de São Paulo anunciou um programa para contribuir com a mecanização do produtor. O objetivo é dobrar o número de tratores de pequeno e médio porte financiados com apoio do Estado e a meta é atingir 16 mil unidades nos próximos quatro anos.

O governo passará a dar um bônus para que o produtor possa negociar diretamente com as revendas a aquisição da máquina ou implemento agrícola. Até então, o governo subsidiava os juros do parcelamento por completo. A mudança já estava em debate deste de meados do ano passado.

Conforme o secretário estadual da Agricultura, Arnaldo Jardim, o governo pagará o equivalente à metade do valor dos juros em forma de bônus diretamente ao produtor. “Com isso, nós queremos dobrar o número de produtores beneficiados em relação ao atendido hoje.” Podem solicitar acesso ao crédito agricultores paulistas com renda anual de até R$ 800 mil.

O crédito, que é liberado por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), já contemplou a aquisição de oito mil tratores. “Com essa mudança, devemos chegar ao longo de quatro anos a 16 mil tratores” disse Jardim. Ele participou ontem do Ato pela Agricultura, evento no qual fez uma prestação de contas das ações da secretaria sob sua gestão, e que teve ares de comício em prol da candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência.

Safra

Na ocasião, Jardim estimou que a safra paulista de grãos deve crescer 10% e chegar a 40 milhões de toneladas no ciclo 2017/2018. Segundo ele, o incremento está amparado no aumento do cultivo de soja no Estado em áreas de rotação de cana-de-açúcar, aliado ao uso de novas variedades da oleaginosa, de ciclo mais curto, que permitem a alternância de culturas. Ele também destacou a conversão de áreas de pastagem degradadas em áreas de cultivo de grãos. “Estamos muito animados com relação à safra do Estado. Vamos seguir pelo quarto ano consecutivo crescendo na base de 10%.”

Jardim destacou que a expectativa é favorável para duas das principais culturas do Estado. “Na cana-de-açúcar, esperamos uma safra 6% superior ao ciclo passado. No citrus, projetamos volume recorde colhido neste ano”, estimou Jardim. A produção de laranjas deve somar 397,27 milhões de caixas em São Paulo e no Triângulo Mineiro em 2017/2018.

O secretário ainda destacou a perspectiva positiva para a produção de proteína animal no Estado, embora tenha preferido não projetar volumes. “Devemos ter uma ampliação do abate e do confinamento de bovinos em São Paulo. Mas isso dependerá de como os preços do milho vão se comportar, diante da alta registrada recentemente”, destacou.

O governo do Estado assinou ontem decreto que amplia o teto do Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) e do subprograma PPAIS Leite. O programa é voltado para agricultores familiares que fornecem alimentos e leite para instituições públicas do Estado (hospitais, escolas, universidades, penitenciárias entre outros). O valor a ser liberado para comercialização passou de R$ 22 mil para cada programa à R$ 30 mil. Cada unidade familiar, agora, poderá acessar R$ 60 mil ao todo, um incremento de 26,6% que entra em vigor já neste mês. “Para o produtor, isso é a garantia de compra da produção”, avaliou o secretário.

Para acessar o programa, o agricultor familiar precisa estar qualificado pela Declaração de Conformidade ao PPAIS. Até o momento, foram publicadas mil chamadas públicas, firmados mais de três mil contratos e beneficiadas 900 unidades familiares, com movimentação de R$ 15 milhões desde o começo do programa.

A medida foi anunciada dois anos após denúncias de fraude na aquisição de alimentos para a merenda escolar no Estado. Segundo Jardim, a possibilidade de compra da agricultura familiar teria atraído “malandros”. “Pessoas que sabiam que pelo programa era possível receber um pouco mais travestiram-se de agricultores familiares e venderam alimentos. Essas pessoas vão ser processadas e nós descredenciamos esses produtores que burlaram a legislação.”