Consumo de carne de aves é seguro

Comissão Nacional de Tecnologia e Higiene Alimentar do CFMV esclarece que bactéria identificada na carne de frango por investigação da Operação Trapaça não oferece perigo ao consumidor


Publicado em: 12/03/2018 às 15:00hs

Consumo de carne de aves é seguro

A contaminação por salmonela omitida em análises laboratoriais e denunciada pela Operação Trapaça, terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada na segunda-feira (05/03) pela Polícia Federal, não representa risco à saúde pública. Médicos veterinários esclarecem que o tipo de bactéria encontrada no frango não é transmitido ao consumidor, e que o microorganismo é naturalmente eliminado no processo de cozimento do alimento.

A investigação revelou um sistema de manipulação e fraudes mantido por laboratórios privados e credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), voltado para burlar o controle de qualidade de produtos destinados à exportação. De acordo com a Polícia Federal, os laudos técnicos entregues ao Serviço de Inspeção Federal (SIF) omitiam a presença de salmonela em carne de aves. Veja neste link o posicionamento do CFMV a respeito do caso. 

A salmonela é encontrada principalmente na flora intestinal de frangos e perus. Existem cerca de 2 mil tipos de salmonelas, algumas delas zoonóticas, isto é, que são transmitidas entre animais e seres humanos. A fonte de contaminação mais comum é pelo consumo de carne de frango ou ovos preparados de forma inadequada.

A investigação da Polícia Federal aponta a ocultação da presença da Salmonella spp na carne testada pelos laboratórios investigados. O nome refere-se a um grupo de bactérias que é permitido na carne de aves de acordo com alguns critérios do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Especificamente a S. pullorum, espécie detectada e ocultada pelas análises laboratoriais fraudadas, não é considerada zoonótica, isto é, não é transmitida de animais para humanos. “Se o Mapa aceita, é porque há trabalhos que mostram que isso não é prejudicial para a saúde”, esclarece José Maria dos Santos Filho, presidente da Comissão Nacional de Tecnologia e Higiene Alimentar (Contha/CFMV).

A fraude constatada pela Polícia Federal teria como objetivo possibilitar a exportação de alimentos para países com exigências sanitárias mais rígidas em relação à Salmonella spp. “Com base no laudo dos laboratórios, o país emite o atestado e o Brasil exporta a carne. Mas, chegando no exterior, os laboratórios detectam isso, criando um problema seríssimo que pode desacreditar todo o serviço de inspeção”, lamenta o presidente da Contha/CFMV.

O médico veterinário ressalta que a carne brasileira é inspecionada por auditores fiscais federais agropecuários e que esse trabalho permite que o alimento chegue próprio para o consumo pelas famílias. “O CFMV sempre apoia o aprimoramento do serviço de inspeção e essa investigação serve de alerta. Se há uma falha no controle de qualidade, ela deve ser corrigida. Não devemos desqualificar o trabalho de inspeção”, aponta.

O Mapa, que conta com um total de 496 laboratórios credenciados no Brasil, proibiu as análises das cinco instalações suspeitas até o fim das investigações. As exportações dos frigoríficos envolvidos também foram suspensas para os destinos que exigem requisitos sanitários específicos para o controle e a tipificação da Salmonella spp.

Sintomas e prevenção

As salmoneloses podem se manifestar de diferentes formas, dependendo do tipo de bactéria envolvida. Os sintomas mais comuns da presença do patógeno no organismo são vômitos, diarreia, febre, náuseas e dores abdominais. Normalmente, a infecção é eliminada pelo próprio sistema imune do portador, mas pessoas que pertencem a grupos de risco, como idosos e pacientes de câncer, podem sofrer quadros mais graves da doença.

Para evitar a contaminação, é necessário adotar hábitos de higiene no preparo dos alimentos, como lavar mãos e utensílios com água e sabão. A conservação da carne e dos ovos na geladeira, embora reduza a proliferação da bactéria, não é o suficiente para eliminá-la. Recomenda-se cozinhar os alimentos a uma temperatura mínima de 65°C.

Fonte: Assessoria de Comunicação do CFMV

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