Análise de Mercado

COMÉRCIO EXTERIOR: Rentabilidade das exportações cresce 3,2%, acima da desvalorização cambial

No primeiro bimestre o real desvalorizou-se 2,4% frente ao dólar em relação a igual período do ano passado


Publicado em: 19/04/2018 às 16:40hs

COMÉRCIO EXTERIOR: Rentabilidade das exportações cresce 3,2%, acima da desvalorização cambial

Mesmo assim, a rentabilidade média dos exportadores avançou mais, em 3,2%. Contribuíram para a alta do índice as demais variáveis da rentabilidade: o preço de exportação, que subiu 1,3%, e o custo de produção, que ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,5% em igual período.

Indústria de transformação - Na indústria de transformação, a margem de lucro do exportador avançou mais que a média, em 4,1%. Nesse setor, o custo de produção avançou um pouco mais que o total, em 0,8%, mas os preços de exportação ajudaram mais, com alta de 2,5%. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Recuo - Esse avanço pequeno no custo de produção reflete o recuo do índice de preços ao produtor, que caiu 2,02% no acumulado de 12 meses até fevereiro, diz André Mitidieri, economista da Funcex. Ele destaca que esse custo de produção praticamente estável representa uma mudança em relação aos anos anteriores, em que desvalorizações cambiais maiores foram em boa parte neutralizadas pelo aumento de custo. Em 2017 a elevação de custo foi de 2,3%. Em 2016, de 7,5%. Em 2015, de 8,2%, sempre em relação ao ano anterior. Para Mitidieri, a tendência é que o custo de produção se mantenha mais desacelerado ao menos no primeiro semestre deste ano.

Insumos - O economista da Funcex destaca que na formação do custo de produção do total da exportação, os insumos nacionais caíram 0,5%, enquanto os salários e serviços aumentaram 0,5%, sempre no primeiro bimestre contra igual período de 2017. Os insumos importados subiram 8,8%, mas como a representatividade dos insumos domésticos é maior, no total o custo avançou apenas 0,5%.

Grandes setores - Entre os grandes setores de atividade, a da indústria extrativa foi a que teve maior ganho de rentabilidade média nos dois primeiros meses do ano. O índice avançou 10,8% porque o preço médio de exportação subiu 6,8% e o custo de produção recuou 1,3%. O exportador na área de agricultura e pecuária foi o que amargou perda de margem de lucro no início do ano. A rentabilidade do setor, que inclui produção florestal e pesca, caiu 5%. O que mais pesou foi o preço médio de embarque, que recuou 6,8% enquanto o custo de produção cresceu 0,5%.

Avanço - Dos 29 setores de atividade que a Funcex acompanha, em 23 houve avanço de rentabilidade em fevereiro contra igual mês do ano passado. A alta de preços puxou o índice do segmento de extração de petróleo e gás natural, com avanço de 31,9%. A margem do exportador de produtos têxteis subiu 9,9% enquanto a do de celulose e papel cresceu 26%. Os setores de máquinas e equipamentos e de metalurgia tiveram alta de 9,4% e 14,4%, respectivamente. No primeiro bimestre, a rentabilidade aumentou em 21 dos 29 segmentos.

Pressão - Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores e ex-secretário de Comércio Exterior, lembra que no curto prazo é possível que haja pressão maior das importações no custo de produção. Com a retomada da economia, diz, aumentam as importações não somente de insumos como também de bens de capital, o que deve também reduzir o superávit comercial brasileiro. A maior compra de insumos externos, porém, é algo esperado com o aumento de produção industrial e a importação de bens de capital, que significa investimento, é positiva.

Salários ou preços - José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também acredita que não deve haver pressão maior sobre custo de produção este ano. Como a recuperação econômica deve continuar lenta, não há perspectiva de pressão maior sobre os salários ou sobre preços.

Câmbio - Pelo comportamento mais recente, o câmbio pode ter uma desvalorização maior que a imaginada inicialmente. A ressalva é que fatores que hoje influenciam o câmbio, como o conflito comercial entre China e Estados Unidos, dependendo do desfecho, podem ter impacto nas demais variáveis da rentabilidade do exportador.

Impacto - No campo internacional, esse atrito entre os americanos e chineses é uma grande preocupação. No cenário doméstico há ainda a incógnita sobre o resultado das eleições, que também podem mudar a tendência de câmbio e do que se espera de retomada econômica.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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