Gestão

Câmara árabe deve chancelar abate

O presidente da União das Câmaras Árabes, Nael Raja Al- Kabariti, afirmou ontem que a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira passará a ser responsável por supervisionar os abates halal no Brasil


Publicado em: 05/04/2018 às 19:20hs

Câmara árabe deve chancelar abate

É considerado halal o abate de animais feito conforme os preceitos da religião islâmica. O certificado halal é obrigatório para a exportação de proteína animal para os países árabes. Segundo Al- Kabriti, só serão aceitas carnes que tenham certificação aprovada pela Câmara, e que serão identificadas por meio de um selo. “Infelizmente, neste País e em muitos outros, a supervisão de abates halal está sendo feita de forma equivocada por empresas que alegam ter o direito de supervisionar esse tipo de procedimento”, disse. “Mas a única autoridade no mundo islâmico que pode fazer isso é a câmara de comércio”, afirmou em evento realizado em São Paulo.

Conforme Al-Kabariti, as empresas que já atuam no segmento no País terão que atuar com a aprovação da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Segundo ele, ainda não há um prazo para que a mudança ocorra, mas a decisão está tomada. Durante o período de transição, as exportações devem ocorrer normalmente.

A receita com os embarques de carne de aves do Brasil para os países árabes foi de R$ 2,6 bilhões no ano passado, segundo dados da Câmara Árabe. Já os embarques de proteína bovina geraram receita de US$ 938 milhões em 2017.

Ele atribuiu a decisão a uma “falta de confiança” em relação às empresas que certificam abates. “Halal não é uma piada ou um negócio, mas uma questão de religião.”

Insensibilização

Al-Kabariti afirmou que o uso da insensibilização em aves não é um procedimento halal. “Mas deve ser discutido por quem pode determinar o que é ou não permitido”, disse.

Segundo o dirigente, outros países podem questionar o atordoamento das aves, a exemplo do que fez a Arábia Saudita, que não aceita, a partir deste mês, carne de aves que tenham sido insensibilizadas antes do abate halal.

Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de frango in natura recuaram 5,6% nos três primeiros meses do ano devido à restrições comerciais e aumento de custos, totalizando 1,017 milhão de toneladas no período. Já a receita deste segmento teve recuo de 12% na mesma base de comparação, para US$ 1,6 bilhão.