Maquinas e Implementos

Aposta no agronegócio e no mercado externo

Nos últimos três anos, os fabricantes de máquinas e equipamentos rodoviários, a chamada linha amarela utilizada em construções e obras de infraestrutura, viram suas vendas despencarem de 26,7 mil unidades em 2014 para 8 mil no ano passado


Publicado em: 14/05/2018 às 10:00hs

Aposta no agronegócio e no mercado externo

A crise que se instalou no setor logo após operação Lava-Jato e abateu boa parte das grandes construtoras no país acabou reduzindo drasticamente o mercado a praticamente um quarto do que era.

“Foi uma espécie de avalanche que soterrou boa parte dos negócios das empresas que, até a Copa do Mundo no Brasil, viviam um bom momento”, afirma Alexandre Bernardes, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq, associação que reúne as maiores empresas do setor. A “avalanche” também atingiu a parte mais fraca da cadeia, os fornecedores. Muitos deles tiveram que fechar as portas. Os que sobreviveram precisaram demitir funcionários. “A maioria dos fabricantes da linha amarela é multinacional e conseguiu se segurar com a crise, mas os fornecedores, especialmente os pequenos, não”, conta o presidente-executivo da Abimaq, José Veloso.

Com as vendas praticamente paralisadas para as construtoras, muitas em recuperação judicial, a saída foi procurar o mercado externo e oferecer máquinas adaptadas ao agronegócio brasileiro, único setor que não sentiu a crise e que poderia ser uma alternativa de negócio. Como boa parte das empresas possui operações em vários países, a opção pela exportação acabou dando certo. Em 2015, foram vendidas para o mercado internacional 5,8 unidades, 2 mil a menos que no ano anterior. Mas, em 2016, os esforços começaram a render frutos, com 7,7 mil unidades comercializadas. No ano passado, os resultados confirmaram que a escolha pelo mercado externo foi correta, com a venda de 12 mil máquinas fora do país, volume muito perto de toda produção no ano, que foi de 15,9 mil unidades.

Na outra ponta, os produtores agrícolas, capitalizados pelos ótimos resultados das últimas safras, passaram a comprar maquinário amarelo para utilizar dentro das suas fazendas, como retroescavadeiras, tratores com esteiras e outras máquinas para ajudar na produção e na armazenagem da safra. “As empresas só conseguiram sobreviver por conta das exportações e do setor agrícola, que bombou nesse período de crise”, atesta Veloso, lembrando que o aumento das exportações também foi um alento para os fornecedores que conseguiram sobreviver, apesar da queda brutal no faturamento que, em alguns casos, chegou a 60%.

Dados da Abimaq mostram que o segmento de máquinas rodoviárias registrou crescimento de mais de 40% entre 2016 e 2017 nas exportações, impulsionando assim o resultado global da entidade. No primeiro trimestre deste ano, 36% das exportações de bens de capital do Brasil saíram da área de máquinas rodoviárias. E mais: atualmente, mais da metade do faturamento das empresas têm origem nas exportações. “Melhorou muito, mas ainda há uma crise”, alerta o executivo da Abimaq, lembrando que o Brasil está consumindo hoje a metade do número de máquinas negociadas em 2012.

A americana Caterpillar, tradicional fabricante da linha amarela com mais de 60 anos de Brasil, fez um esforço enorme para compensar a queda das vendas no mercado interno. Com a paralisação dos grandes projetos de infraestrutura no país e ainda tendo que conviver com inadimplência em torno de 15%, a empresa precisou se reinventar para competir no mercado global. “Tivemos que fazer o dever de casa para atender o mercado externo e preparar nossas máquinas para o setor agrícola que não para de crescer”, diz Andrea Park, diretora de Assuntos Governamentais e Corporativos da empresa no Brasil.

Segundo a executiva, o agronegócio vem ganhando espaço nos negócios da empresa e já responde por 15% das vendas, participação que deve continuar crescendo enquanto os projetos de infraestrutura não são retomados no país. O produtor rural, diz ela, está buscando produtividade e as máquinas amarelas entram como suporte na produção agrícola e nas obras realizadas dentro das propriedades.

Apesar da crise, a empresa não parou de investir. Entre 2016 e 2017 foram cerca de US$ 70 milhões, recursos destinados às duas unidades brasileiras – em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR). Andrea afirma que está confiante na retomada das grandes obras de infraestrutura, tão necessárias para o Brasil continuar crescendo. “Temos uma boa expectativa para depois que passar essa fase eleitoral. O Brasil tem muita coisa para ser feita em termos de infraestrutura. Continuamos acreditando”, afirma Andrea.

Fonte: Estado de Minas

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