Soja

Após mínimas de quase 10 anos, soja opera estável na Bolsa de Chicago nesta 4ª feira

Perto de 8h20 (horário de Brasília), as posições mais negociadas da oleaginosa subiam entre 0,75 e 1,75 ponto, com o julho/18 sendo negociado a US$ 8,90 por bushel. Mais cedo, os ganhos chegaram a superar os 5 pontos


Publicado em: 20/06/2018 às 10:12hs

Após mínimas de quase 10 anos, soja opera estável na Bolsa de Chicago nesta 4ª feira

Os preços da soja buscam uma retomada nesta quarta-feira (20) na Bolsa de Chicago, após bater em suas mínimas em quase 10 anos. As tentativas de alta, porém, ainda se mostram bastante limitadas, com falta de espaço para uma recuperação efetiva das cotações. Dessa forma, perto de 8h20 (horário de Brasília), as posições mais negociadas da oleaginosa subiam entre 0,75 e 1,75 ponto, com o julho/18 sendo negociado a US$ 8,90 por bushel. Mais cedo, os ganhos chegaram a superar os 5 pontos.

"O mercado dos grão está tomando fôlego depois da volatilidade extrema pela qual passou nas últimas duas sessões. Faz três semanas que foram observadas máximas no contrato dezembro do milho e julho da soja", explicam os analistas da consultoria internacional Allendale, inc.

Segue a pressão da guerra comercial entre China e Estados Unidos - e as incertezas do que será efetivado de todos os anúncios - e das boas condições de clima nos Estados Unidos, o que tem permitido um desenvolvimento bastante satisfatório das lavouras. Além disso, o mercado se atenta também ao novo reporte de área que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega no próximo dia 29.

"Quando observamos o gráfico da soja-julho, é claro a presença da tendência de queda desde o início de tais embates entre chineses e americanos. Alguns indicadores técnicos das cotações sugerem a reversão desta direção dos preços, no entanto, a ARC lembra que nenhum fundamento ou ponto técnico do mercado tem sido levado em consideração. No atual momento, a Guerra Comercial é o único sinalizador especulativo dos preços", diz o boletim diário da AgResource Mercosul.

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Soja: Prêmios sobem mais de 20% no Brasil, mas queda forte em Chicago limita preços nos portos

O dia foi bastante tenso e intenso para o mercado da soja, tanto no cenário internacional - onde as cotações terminaram o pregão perdendo quase 20 pontos - quanto no quadro interno depois do anúncio de Donald Trump de que as taxas sobre os produtos importados chineses poderiam chegar a US$ 400 bilhões.

O volume já anunciado e oficializado pelo presidente norte-americano é US$ 50 bilhões e a possibilidade de mais tarifação promoveu uma intensa aversão ao risco no mercado financeiro global, uma queda generalizada das commodities - com as agrícolas liderando as baixas - e levou os futuros da oleaginosa a baterem em suas mínimas de dois anos na Bolsa de Chicago.

"Os grãos continuam em uma fase de liquidação, atingindo suas novas mínimas não só na soja, mas também no milho. Além das negociações comerciais confusas e tensas entre China e Estados Unidos, a falta de uma ameaça climática à nova safra norte-americana também tem ajudado a manter essa pressão severa sobre os grãos em um mercado que está sobrevendido neste momento", diz Jason Roose, analista de mercado da U.S. Commodities.

Assim, depois de registrarem perdas de mais de 50 pontos ao longo do dia, as cotações da soja fecharam o dia em Chicago perdendo entre 19,50 e 20,50 pontos - ou mais de 2%, com o julho/18 sendo cotado a US$ 8,89 e o o agosto/18 valendo US$ 8,94 por bushel. O setembro conseguiu recuperar o patamar dos US$ 9,00 e o novembro/18 ficou em US$ 9,11. O julho, que ainda é a posição mais negociada, bateu em US$ 8,41 na mínima do dia.

"Hoje o dia foi de muita aversão ao risco acompanhando essa questão, que parece estar longe do fim, da disputa entre China e Estados Unidos", diz o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. Os participantes do mercado irão, portanto, esperar por uma melhor definição dessas novas negociações e ameaças para definir seus impactos reais sobre as cotações.

Paralelamente, o bom desenvolvimento da nova safra norte-americana também pesa sobre os preços. As condições de chuva e temperatura têm favorecido as lavouras e, com quase 100% do plantio concluído, mais de 70% das plantações se mostram em boas ou excelentes condições, de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados em seu boletim semanal de acompanhamento de safras.

Mercado Interno

No Brasil, o destaque ficou por conta dos prêmios. Os valores subiram, nas principais posições de entrega no porto de Paranaguá, mais de 20% somente nesta terça-feira. Julho/18 fechou o dia com US$ 1,65 por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago, agosto com US$ 1,70 e setembro/18 com US$ 1,75.

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os prêmios no Brasil poderiam alcançar os 200 pontos com, além dessa baixa em Chicago, a sinalização de uma demanda ainda maior da China pela soja brasileira na medida em que a nação asiática trava esta disputa comercial com os EUA.

Embora mais cara nesse momento, a soja brasileira ainda forma preços - contabilizando Chicago e prêmio - que mantêm as margens de esmagamento positivas para a indústria chinesa. O momento, portanto, mantém competitiva a oleaginosa nacional e na vitrine como a principal alternativa de oferta.

Mesmo diante dessa alta, os indicativos nos portos do Brasil não apresentaram grandes modificações nos negócios desta terça. Em Paranaguá, mantidos os R$ 82,00 por saca no disponível e os R$ 82,50 no março/19. Para Rio Grande, R$ 81,00 no spot e R$ 81,50 para julho/18, com altas de 0,75% somente na primeira referência. Os terminais de Santos, Imbituba e São Francisco do Sul fecharam o dia sem cotação.

A incerteza sobre o problema dos fretes e o tabelamento dos valores feito pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) ainda mantém os preços limitados e os negócios travados no mercado brasileiro. Os vendedores estão retraídos, os compradores cautelosos e essa é, como explicam analistas e consultores, uma posição acertada até esse momento.

Fonte: Notícias Agrícolas

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