Bovinos Leite

Melhoramento genético como aliado na rentabilidade da produção de leite

Nova Zelândia é pioneira em programas de melhoramento genético bovino


Publicado em: 29/05/2014 às 00:00hs

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A Nova Zelândia é pioneira em programas de melhoramento genético bovino. Esses projetos selecionam animais para reprodução com base na capacidade de transmitir para os filhos características mais rentáveis e eficientes para o produtor. Para isso, foi criado um indicador chamado de “Breeding Worth” ou “BW”, que em sua tradução literal para o português significa “reprodução que vale a pena”.

Por meio desse indicador é possível comparar animais de diferentes idades, raças e rebanhos. Atualmente, as características incluídas neste indicador para a produção leiteira são: proteína, gordura do leite, volume do leite, peso vivo do animal, fertilidade, longevidade e quantidade de células somáticas no leite. Cada um desses fatores é multiplicado por um “valor” em moeda corrente.

Por exemplo, no caso da proteína, um determinado animal que tenha 20 quilogramas por lactação em sua carga genética, transmitirá 10 quilogramas a mais de proteína por lactação para as suas filhas quando comparadas a fêmeas dentro da faixa média de produção. Essa quantidade de proteína é multiplicada pelo valor do quilo de proteína pago ao produtor na média do ano anterior. Em 2014, esse valor pago por proteína foi 9,17 dólares neozelandeses.

Para calcular o BW, é feita a seguinte equação com valores de Fevereiro de 2014:

BW = (Proteína x NZD$ 9,17) + (Gordura x NZD $ 2,040) + (Volume x NZD$ -0,099) + (Peso Vivo x NZD$ -1,660) + (Fertilidade x NZD$ 7,180) + (Longevidade x NZD0,135) + (Células Somáticas x NZD$ -38,370).

Nota-se que na equação representada acima os valores de volume de leite e de peso vivo são negativos. Isso porque essas características não são as primordiais quando se fala em produção de leite na Nova Zelândia. No caso do volume isso é explicado pelo fato de que a indústria neozelandesa não paga por volume de produção de leite, e sim, pelos sólidos: proteína e gordura.

Para entender essa lógica é preciso ter em mente que a Nova Zelândia é o maior exportador mundial de leite em pó. Por isso, quanto maior o volume do leite, mais água terá de ser seca, e consequentemente, maior o gasto durante o processo industrial. Em geral, quanto maior o BW de um touro, maior é o potencial de lucro susceptível de ser produzido por sua prole.

Os principais touros na Nova Zelândia têm BW entre 200-320. Cada produtor define os seus objetivos em termos de melhoramento genético. Esses valores são revisados anualmente em conjunto com consultores especializados e stakeholders da própria indústria. Dessa forma, o produtor pode utilizar touros com características que vão ao encontro dos objetivos já definidos.

A indústria também está envolvida no processo de melhoramento genético, indicando, por meio dos preços, quais parâmetros têm maior ou menor valor. Essa atitude ajuda a direcionar os programas de reprodução. Tais ações influenciarão também na rentabilidade do produtor, uma vez que o valor em dinheiro adicionado por cada parâmetro pesa no cálculo.

Apesar de o sistema ter sido desenvolvido em cima de valores e condições características da Nova Zelândia, o exemplo do indicador econômico para direcionamento dos programas de melhoramento genético pode ser aproveitado e adaptado à produção do leite no Brasil na busca da melhora da rentabilidade do produtor. Para tanto é necessário o maior engajamento dos diferentes elos da cadeia: da fazenda à indústria.

Nádia Alcântara é gerente de desenvolvimento de agronegócios da New Zealand Trade & Enterprise (NZTE). Para mais informações: nadia.alcantara@nzte.govt.nz.

Fonte: Via News

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