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Identificação molecular de filés de pescado: uma questão de respeito à lei e ao consumidor

No gênero Pseudoplatystoma estão os maiores peixes da família Pimelodidae, da ordem dos Siluriformes, que podem ser encontrados nas principais bacias hidrográficas sul-americanas


Publicado em: 10/12/2012 às 19:18hs

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O pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e o cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) pertencem à ordem Siluriformes e são amplamente conhecidos como surubins.

No Brasil, os surubins (Pseudoplatystoma spp.) são peixes de água doce de alto valor comercial, pois apresentam carne saborosa, com baixo teor de gordura e ausência de espinhas intramusculares e, por isso, são produtos nobres de grande importância econômica e social em suas regiões de ocorrência.

Atualmente, cruzamentos interespecíficos entre o pintado e a cachara são realizados em larga escala com objetivo de produzir linhagens com valor comercial maior que o das espécies puras e com características zootécnicas diferenciadas. A identificação zoológica das espécies é baseada em características morfológicas externas, que se perdem durante o processamento industrial, possibilitando fraudes na comercialização.

Neste contexto, a identificação molecular dessas espécies é uma ferramenta importante na fiscalização da pesca e comercialização, pois o DNA é uma molécula capaz de resistir a diversos processos industriais de beneficiamento.

Neste sentido, a Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ) em parceria com os professores Fabio Porto Foresti e Fernanda Dotti do Prado, do Laboratório de Genética de Peixes, do Campus Bauru da Universidade Estadual Paulista, e a profa. Eliane Teixeira Mársico, da Universidade Federal Fluminense, fizeram uso da técnica de PCR (polimerase chain reaction)-Multiplex para verificar a identidade molecular de filés de peixes comercializados como filés de pintado, utilizando marcadores moleculares com base em polimorfismos de regiões do DNA nuclear e mitocondrial para verificar se os filés pertenciam a linhagem pura da espécie de pintado ou a híbridos oriundos do cruzamento entre cachara e pintado.

Foram analisados 29 filés comercializados como filé de cachara e pintado e verificou-se que apresentavam genes nucleares de ambas as espécies e gene mitocondrial, que é herança materna. Desta maneira foram identificados como híbridos interespecíficos ou F1 (geração filial 1) do tipo “cachapinta” resultante do cruzamento entre a fêmea de cachara e macho de pintado.

Pode-se concluir que é grande a necessidade de fiscalizar a comercialização de filés de pescado a fim de identificar situações onde há divergências entre a espécie comercializada e as informações declaradas no rótulo e merecem atenção especial as espécies na qual a hibridação vem sendo realizada com frequência como é o caso do pintado e da cachara.

A rotulagem de produtos à base de peixes híbridos deve estar de acordo com a legislação, informando ao consumidor a espécie que de fato está sendo comercializada.

Cátia Maria de Oliveira Lobo (catiavet@hotmail.com), doutoranda da Universidade Federal Fluminese, Renata Torrezan (renata.torrezan@embrapa.br) e Angela Aparecida Lemos Furtado (angela.furtado@embrapa.br), pesquisadoras da Embrapa Agroindústria de Alimentos

Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos

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