Biotecnologia

Decifrado o genoma bovino. O que isso reflete na prática?

Para quem ainda não ouviu falar de genoma – é o conjunto de genes de uma espécie, responsável pela expressão das diversas características de cada indivíduo, como cor do cabelo, capacidade de ganho de peso, entre tantas outras


Publicado em: 05/05/2009 às 09:44hs

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No final de março a revista Science - importante veículo do meio científico – publicou dois artigos sobre o genoma bovino. Para quem ainda não ouviu falar de genoma – é o conjunto de genes de uma espécie, responsável pela expressão das diversas características de cada indivíduo, como cor do cabelo, capacidade de ganho de peso, entre tantas outras.

O genoma bovino sequenciado nesta pesquisa foi de uma vaca Bos taurus, da raça Hereford. Um ponto muito importante é que, segundo o artigo, esta é a primeira vez que o meio científico decifra o genoma de um animal de grande interesse comercial, abrindo caminhos para que esta e outras pesquisas consigam desvendar informações sobre doenças ligadas a espécie, além da capacidade de melhorar o potencial produtivo. Isso quer dizer que a partir do conhecimento do genoma e do uso de marcadores moleculares – capazes de identificar genes ligados a produção maior ou menor de determinada característica – poderemos ter um grande avanço na seleção de animais para maior produção de leite ou melhor qualidade de carne.

Este estudo, que envolveu mais de 300 cientistas de 25 países, teve início há seis anos, logo em seguida do projeto Genoma Humano, realizado em 2002. Uma curiosidade que surgiu neste estudo é que o genoma bovino é constituído por mais de 22 mil genes, e quando comparado ao de outros mamíferos, como ratos e camundongos, ele é o que mais se aproxima do genoma humano.

Na prática, algumas empresas já estão utilizando esta metodologia de “marcadores moleculares” de forma comercial, disponibilizando informações de escores do animal, que indicam se ele tem maior ou menor genética para ganho de peso, peso de carcaça, qualidade de carcaça, gordura e até maciez. No caso do leite, os “marcadores” determinam produção de leite, gordura, proteína e etc…

Os pesquisadores dizem que esta nova tecnologia, aliada a genética quantitativa (atuais DEPs – utilizadas atualmente pelos rebanhos de produção de touros), podem trazer um avanço muito rápido na produção de animais mais precoces e com carne de alta qualidade.

Ainda não sabemos quando teremos esta nova tecnologia sendo usada em larga escala, já que a velocidade de sua aplicação dependerá da melhor remuneração desta informação pela indústria e barateamento dos exames atuais.

Quem sabe num futuro próximo poderemos escolher a carne bovina com base em seu DNA? Já pensou a carne com selos de garantia e rastreabilidade nas embalagens do supermercado, informando o DNA do boi que foi abatido? Este será o boi do futuro!

Luis Adriano Teixeira - Agroblog

Fonte: Agroblog

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